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Oposição ensaia unir forças contra poderio de Kirchner
DE BUENOS AIRES
Ao mesmo tempo em que
trouxeram Carlos Menem de
volta ao centro da discussão política, as eleições em Buenos Aires também trouxeram à tona o
debate em torno de uma aliança da oposição, como aquela
que foi formada contra o menemismo em 1999.
A idéia foi lançada de dentro
das hostes de Mauricio Macri, o
empresário, presidente do clube de futebol Boca Juniors, favorito nas eleições do próximo
domingo. A candidata a vice,
Gabriela Michetti, defendeu
abertamente a união da oposição em uma entrevista ao jornal "Perfil", publicada no último domingo.
"Se eles se sentassem a conversar, poderiam ter um diálogo construtivo, gerar alguma
posição comum nos daria um
resultado totalmente distinto",
disse ela.
Michetti se referiu aos três
principais nomes da oposição
para as eleições presidenciais
de 28 de outubro: Ricardo López Murphy, ex-ministro no
governo De La Rúa e terceiro
colocado nas últimas eleições;
Roberto Lavagna, ex-ministro
da Economia de Kirchner que é
apoiado por peronistas dissidentes e pela UCR do ex-presidente, e a ultraoposicionista
Elisa Carrió.
Sem consenso
O problema para a união é
que a tese de Michetti, endossada na sexta-feira pelo próprio
Macri, que antes vinha evitando falar das eleições presidenciais de outubro -"até aqueles
que querem votar na situação
em outubro gostariam que a
Argentina tivesse uma alternativa, para que todos sentissem
que há um equilíbrio, um plano
B", disse-, enfrenta resistência
dos pré-candidatos.
O mais aberto é López
Murphy, que no entanto defende um pacto de não-agressão
entre os oposicionistas e não
uma candidatura única, que na
opinião dele facilitaria a vitória
de Néstor ou Cristina Kirchner
-na Argentina, vence no primeiro turno quem consegue
45% dos votos ou passa de 40%
com uma diferença superior a
dez pontos sobre o segundo colocado na disputa.
Lavagna e Carrió, porém, são
mais refratários ao pacto. Carrió, crítica mais mordaz do
kirchnerismo, não falou durante a semana passada -saiu de
cena depois que seu candidato
à Prefeitura de Buenos Aires,
Jorge Telerman, ficou fora do
segundo turno. Seus aliados,
porém, refutaram a idéia de
uma aliança.
Lavagna foi duro ao criticar a
proposta de união: "De nenhuma maneira. Isso significaria
que poderia ter que apoiar alguém que gostaria de voltar à
convertibilidade [quando um
peso valia um dólar], que gerou
pobreza, hiperdesemprego e
tudo o mais. Seria um absurdo",
disse a uma rádio. Ambos críticos do menemismo, ele e
Kirchner disputam entre si
quem deve ser apontado como
"pai da recuperação".
Uma vitória acachapante de
Macri em Buenos Aires no domingo que vem, no entanto, poderia alterar o cenário, dando
ao prefeito eleito uma liderança no espectro opositor.
As mais recentes pesquisas
de intenção de voto para a Presidência divulgadas na Argentina são do fim de abril. Na ocasião, Cristina Kirchner, candidata mais provável do governo,
somava 42%; Carrió, 18%; Lavagna, 16% e Murphy, 8%, segundo a consultora Ricardo
Rouvier.
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