São Paulo, domingo, 17 de junho de 2007

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Oposição ensaia unir forças contra poderio de Kirchner

DE BUENOS AIRES

Ao mesmo tempo em que trouxeram Carlos Menem de volta ao centro da discussão política, as eleições em Buenos Aires também trouxeram à tona o debate em torno de uma aliança da oposição, como aquela que foi formada contra o menemismo em 1999.
A idéia foi lançada de dentro das hostes de Mauricio Macri, o empresário, presidente do clube de futebol Boca Juniors, favorito nas eleições do próximo domingo. A candidata a vice, Gabriela Michetti, defendeu abertamente a união da oposição em uma entrevista ao jornal "Perfil", publicada no último domingo.
"Se eles se sentassem a conversar, poderiam ter um diálogo construtivo, gerar alguma posição comum nos daria um resultado totalmente distinto", disse ela.
Michetti se referiu aos três principais nomes da oposição para as eleições presidenciais de 28 de outubro: Ricardo López Murphy, ex-ministro no governo De La Rúa e terceiro colocado nas últimas eleições; Roberto Lavagna, ex-ministro da Economia de Kirchner que é apoiado por peronistas dissidentes e pela UCR do ex-presidente, e a ultraoposicionista Elisa Carrió.

Sem consenso
O problema para a união é que a tese de Michetti, endossada na sexta-feira pelo próprio Macri, que antes vinha evitando falar das eleições presidenciais de outubro -"até aqueles que querem votar na situação em outubro gostariam que a Argentina tivesse uma alternativa, para que todos sentissem que há um equilíbrio, um plano B", disse-, enfrenta resistência dos pré-candidatos.
O mais aberto é López Murphy, que no entanto defende um pacto de não-agressão entre os oposicionistas e não uma candidatura única, que na opinião dele facilitaria a vitória de Néstor ou Cristina Kirchner -na Argentina, vence no primeiro turno quem consegue 45% dos votos ou passa de 40% com uma diferença superior a dez pontos sobre o segundo colocado na disputa.
Lavagna e Carrió, porém, são mais refratários ao pacto. Carrió, crítica mais mordaz do kirchnerismo, não falou durante a semana passada -saiu de cena depois que seu candidato à Prefeitura de Buenos Aires, Jorge Telerman, ficou fora do segundo turno. Seus aliados, porém, refutaram a idéia de uma aliança.
Lavagna foi duro ao criticar a proposta de união: "De nenhuma maneira. Isso significaria que poderia ter que apoiar alguém que gostaria de voltar à convertibilidade [quando um peso valia um dólar], que gerou pobreza, hiperdesemprego e tudo o mais. Seria um absurdo", disse a uma rádio. Ambos críticos do menemismo, ele e Kirchner disputam entre si quem deve ser apontado como "pai da recuperação".
Uma vitória acachapante de Macri em Buenos Aires no domingo que vem, no entanto, poderia alterar o cenário, dando ao prefeito eleito uma liderança no espectro opositor.
As mais recentes pesquisas de intenção de voto para a Presidência divulgadas na Argentina são do fim de abril. Na ocasião, Cristina Kirchner, candidata mais provável do governo, somava 42%; Carrió, 18%; Lavagna, 16% e Murphy, 8%, segundo a consultora Ricardo Rouvier.


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