São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2008

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Crise reativa as dissidências no peronismo

DE BUENOS AIRES

Após a prisão de 19 produtores rurais no sábado, o movimento pró-campo foi às ruas e estradas, e os partidários do governo marcaram presença na praça de Maio.
Néstor Kirchner, ex-presidente (2003-2007) e atual dirigente do Partido Justicialista (peronista), foi à praça com vários ministros e voltará ao mesmo local amanhã em mais um ato de apoio ao governo, alimentando a visão geral de que quem manda no país é ele e não a mulher e presidente, Cristina.
No entanto, a crise com o setor agropecuário também vem enfraquecendo a tentativa de Kirchner de reconstruir o partido e, assim, fortalecer a base de apoio a Cristina.
Governadores e senadores peronistas, que têm no campo suas bases de apoio, começam a tomar distância de Cristina temendo perder a sustentação popular. Também mantêm diálogo com os representantes agropecuários, o que o governo nacional tem evitado.
Um dos mais radicais, o governador de Córdoba, Juan Schiaretti, chegou a convocar os prefeitos de sua Província a participarem dos piquetes rurais realizados no sábado.
O líder desse movimento de oposição, chamado de PJ crítico, é o ex-presidente Eduardo Duhalde (2002-2003), que ajudou o então quase desconhecido Kirchner a se eleger, mas se distanciou dele depois.
Segundo a imprensa local, o grupo se chamaria União Popular e já estaria buscando uma alternativa ao kirchnerismo para as eleições presidenciais de 2011. Nas últimas semanas, Duhalde se reuniu com políticos do interior, sindicalistas e até com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva -visita que teria irritado Kirchner.
A volta de Duhalde à cena política fez com que o líder piqueteiro Luís D'Elía, ligado aos Kirchner, saísse a denunciar uma tentativa de "golpe de Estado", com o ex-presidente como "chefe da conspiração", que teria apoio do grupo de mídia Clarín. "Como a guerra é aberta e total, serão muito difíceis os tempos que vêm por aí." (AK)


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