São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2008

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Policiais viram reféns em protesto no Peru

Manifestantes, que bloqueiam estradas há uma semana, pedem maior participação nos lucros da mineração

DA REDAÇÃO

Milhares de manifestantes mantinham ontem mais de 65 policiais como reféns, após violentos confrontos no departamento (Estado) de Moquegua, no sul do Peru. Os policiais foram enviados para desbloquear as rodovias interrompidas há uma semana pelos moradores locais, que reclamam maior participação nos lucros da Southern Peru Copper Corporation, de capital majoritariamente mexicano, que explora o cobre da região.
"A situação em Moquegua já não está mais sob o controle da polícia", afirmou o oficial da Polícia Nacional Alberto Jordán, um dos reféns, à rádio RPP. "Há quase 20 mil pessoas [em greve], por isso peço que a polícia se retire", disse.
Jordán falou a partir de uma barraca do Ministério da Saúde cercada de manifestantes, que liberaram no fim do dia 13 policiais que também haviam sido retidos e estavam feridos. Os confrontos começaram de manhã, quando a polícia lançou gás lacrimogêneo contra manifestantes que ocupavam uma ponte. Eles reagiram jogando paus e pedras nos policiais.
Entre as rodovias bloqueadas está a Panamericana, que liga o Peru ao Chile. O movimento já provoca desabastecimento de alimentos e combustível.
A população de Moquegua reclama do fato de os pagamentos de impostos pela mineradora terem privilegiado o departamento vizinho, Tacna. Segundo o governo, os valores obedecem a uma lei de 2002, que relaciona o pagamento à terra removida na mineração.
Em Lima, o premiê Jorge del Castillo se reuniu com os governadores de Moquegua e de Tacna em busca de uma solução. Também participaram 14 prefeitos de Moquegua, que apóiam o protesto. À noite, foi anunciado que a Southern Peru, maior mineradora do país, reverá a distribuição dos impostos a partir do ano que vem.
Os protestos ligados à mineração -maior fonte legal de divisas- são mais um indicador da tensão social no Peru. O país andino bateu recordes de crescimento econômico nos últimos seis anos, mas o índice de pobreza passa dos 40%.


Com agências internacionais


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