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Policiais viram reféns em protesto no Peru
Manifestantes, que bloqueiam estradas há uma semana, pedem maior participação nos lucros da mineração
DA REDAÇÃO
Milhares de manifestantes
mantinham ontem mais de 65
policiais como reféns, após violentos confrontos no departamento (Estado) de Moquegua,
no sul do Peru. Os policiais foram enviados para desbloquear
as rodovias interrompidas há
uma semana pelos moradores
locais, que reclamam maior
participação nos lucros da Southern Peru Copper Corporation, de capital majoritariamente mexicano, que explora o
cobre da região.
"A situação em Moquegua já
não está mais sob o controle da
polícia", afirmou o oficial da
Polícia Nacional Alberto Jordán, um dos reféns, à rádio
RPP. "Há quase 20 mil pessoas
[em greve], por isso peço que a
polícia se retire", disse.
Jordán falou a partir de uma
barraca do Ministério da Saúde
cercada de manifestantes, que
liberaram no fim do dia 13 policiais que também haviam sido
retidos e estavam feridos. Os
confrontos começaram de manhã, quando a polícia lançou
gás lacrimogêneo contra manifestantes que ocupavam uma
ponte. Eles reagiram jogando
paus e pedras nos policiais.
Entre as rodovias bloqueadas
está a Panamericana, que liga o
Peru ao Chile. O movimento já
provoca desabastecimento de
alimentos e combustível.
A população de Moquegua
reclama do fato de os pagamentos de impostos pela mineradora terem privilegiado o departamento vizinho, Tacna. Segundo o governo, os valores
obedecem a uma lei de 2002,
que relaciona o pagamento à
terra removida na mineração.
Em Lima, o premiê Jorge del
Castillo se reuniu com os governadores de Moquegua e de
Tacna em busca de uma solução. Também participaram 14
prefeitos de Moquegua, que
apóiam o protesto. À noite, foi
anunciado que a Southern Peru, maior mineradora do país,
reverá a distribuição dos impostos a partir do ano que vem.
Os protestos ligados à mineração -maior fonte legal de divisas- são mais um indicador
da tensão social no Peru. O país
andino bateu recordes de crescimento econômico nos últimos seis anos, mas o índice de
pobreza passa dos 40%.
Com agências internacionais
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