São Paulo, quinta-feira, 17 de junho de 2010

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Irã anuncia 4 novos reatores nucleares para uso medicinal

Decisão é novo desafio às pressões internacionais, mas Ahmadinejad diz que mantém disposição para diálogo

Estratégia de via dupla se assemelha à pregada pelos EUA e aliados nas negociações com Teerã sobre o impasse nuclear


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Irã delineou ontem a sua versão da estratégia da "via dupla" pregada pelo Ocidente nas conversas nucleares ao anunciar a construção de quatro novos reatores de uso médico, mas defender solução negociada do impasse.
Segundo o chefe da agência atômica iraniana, Ali Akbar Salehi, "há planos" para que ao menos um dos novos reatores seja maior do que o que opera hoje em Teerã.
A usina nuclear com finalidade médica da capital iraniana está no centro do acordo de troca de combustível inicialmente proposto pelo Ocidente e, há um mês, ressuscitado após mediação de Brasil e Turquia -até ser rejeitado pelos EUA e aliados.
Pelo texto, o Irã enviaria 1.200 kg de seu urânio pouco enriquecido à Turquia e receberia de volta 120 kg do material processado em nível próprio para o uso no reator de Teerã -datado dos anos 70.
"O desenho do reator estará completo até o fim do ano, e dois anos serão necessários para construí-lo. O nosso plano é fazer quatro reatores em quatro cantos do Irã", disse.

NEGOCIAÇÕES
Também ontem o presidente Mahmoud Ahmadinejad disse, em pronunciamento transmitido ao vivo na TV estatal, que "logo" anunciará as novas condições para reatar negociações com as potências, mas somente depois de "punir" o Ocidente.
"Vocês [potências] mostraram mau-caratismo, renegaram sua promessa e novamente recorreram a meios malignos", disse o iraniano, em referência à aprovação das novas sanções no Conselho de Segurança da ONU.
"Estabeleceremos condições para que, se Deus quiser, sejam punidas e sentem à mesa de negociação como uma criança comportada."
Ahmadinejad alertou, porém, que o "destino nuclear" não estará em negociação.
"Se elas acham que poderão usar bastões para pressionar o Irã, dizemos a vocês que a nação iraniana vai quebrar os seus bastões", disse.
A estratégia de anúncios unilaterais e declarações simultâneas de disposição ao diálogo é similar à defendida pelos EUA e União Europeia, que, após sanções na ONU, preparam mais medidas unilaterais, mas garantem não fechar as portas a acordo.

PARLAMENTO
Já o Parlamento iraniano aprovou lei que exorta Teerã a reduzir a colaboração com a AIEA (a agência atômica da ONU), o que já fora rejeitado por Ahmadinejad -num outro indicador da disputa interna que opõe o presidente a uma ala do regime que defende maior endurecimento.


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