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ANÁLISE
Discurso de Obama no Salão Oval sobre desastre fica muito aquém do esperado
EDWARD LUCE
DO "FINANCIAL TIMES"
Dizem que um discurso
presidencial pode mudar o
clima político. Sob esse ângulo, o discurso proferido
por Barack Obama na Casa
Branca, anteontem, ficou
bem aquém do esperado.
Ao optar por falar ao país
do histórico Salão Oval, Obama despertara expectativas
de um desempenho digno de
Ronald Reagan, com o qual
ele traria algo de novo ao debate, para mudar a narrativa.
Mas não foi o que aconteceu.
O discurso não teve nada
de novo ou transformador. E
continha trechos capazes de
frustrar ou irritar virtualmente todos os interessados.
Para as pessoas que vivem
nos Estados afetados pelo vazamento, Obama repetiu o
que todos já sabem, mas
muitos ainda duvidam: que o
governo federal está fazendo
tudo que pode para auxiliar
nos esforços de limpeza e forçar a BP a assumir a responsabilidade pelo ocorrido.
Em um trecho que poderia
ter sido tomado emprestado
de um de seus discursos de
campanha, Obama instou os
americanos a se unir em torno de um futuro de energia
limpa e a abandonar seu vício em combustíveis fósseis.
Mas não chegou a propor
novos prazos para que o Senado aprove o projeto de lei
de energia limpa que está parado nas comissões da Casa.
A despeito de ter, na prática, cedido a um projeto de lei
de energia limpa muito restrito e sem limitações à emissão de carbono, Obama ainda assim antagonizou a oposição republicana ao dedicar
quase metade do discurso a
um futuro de energia limpa.
Enquanto ele falava, não
paravam de chegar e-mails
nos quais o presidente era
acusado de explorar a emergência a fim de impor um tributo sobre a energia que eliminaria empregos nos EUA.
Havia muitas outras partes
interessadas no discurso. Os
jornais sensacionalistas britânicos sem dúvida detectarão traços ocultos de anglofobia nas palavras de Obama.
Já alguns dos legisladores
democratas mais agressivos
provavelmente se decepcionaram por Obama não ter
ameaçado os executivos da
BP de processo criminal.
Ao final do exercício, é difícil imaginar o que Obama
imaginava ganhar com ele.
Na melhor das hipóteses,
seus partidários mais vacilantes serão reassegurados
de que o presidente encara a
emergência com seriedade.
Na pior, Obama simplesmente aumentou sua aposta
sem com isso aumentar seu
cacife. O discurso não fracassou em sua função de reconfortar um público preocupado; mas com certeza fracassou se pretendia algo maior.
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