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VENEZUELA
Signatários de manifesto atacam EUA e "ricos" do país
Artistas brasileiros que defendem Chávez dizem que plebiscito é "golpe"
BERTA MARCHIORI
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
Para artistas brasileiros que assinaram um manifesto a favor do
presidente venezuelano, Hugo
Chávez combate as oligarquias e
se preocupa com o "povo", e o
plebiscito não passa de "um golpe". A crença que eles têm em
Chávez não é abalada nem quando questionados sobre as acusações de que ele promove uma "ditadura constitucional". Isso, dizem, é manipulação.
O abaixo-assinado, intitulado
"Se eu fosse venezuelano, votaria
em Hugo Chávez", deverá ser entregue hoje. No próximo dia 15 de
agosto, Chávez enfrenta um plebiscito convocado pela oposição
que pode tirá-lo do poder.
A cantora Beth Carvalho é admiradora declarada de Chávez.
Segundo ela, que esteve na Venezuela em abril deste ano e até participou do programa dominical
de Chávez, o "Alô, Presidente",
"ele é sério, é um grande líder,
preocupado com o povo, é um
apaixonado pela Venezuela".
Para Carvalho, o plebiscito "é
um golpe de Estado que a oligarquia venezuelana está querendo
dar". "São os ricos que estão injuriados", disse a cantora. "Mas o
povo e o Exército estão com ele."
A cantora acusa os EUA de interferência no país. "Os EUA estão infernizando a Venezuela para evitar o socialismo. Não querem que aconteça uma coisa boa,
senão o socialismo impera."
"Toda vez que surge um grande
líder, os EUA querem fazer dele
um lobo mau. Eu não morro sem
ver esse império cair. E viva a revolução bolivariana!"
O ator Marcos Winter, outro
signatário, também é da opinião
que o que se fala de Chávez não
condiz com a realidade, "é manipulação". "Estão deixando de dar
o verdadeiro valor aos atos de
Chávez, que é uma pessoa interessada no povo e faz muito pela
educação, pela saúde e pela justiça
social em seu país."
"O Chávez pode não ser nenhum santo, ninguém tem a intenção de canonizá-lo, mas não
podemos nos deixar enganar por
uma minoria que vai continuar
usurpando uma riqueza que não é
só dela", declarou. "É um manifesto para a humanidade, para a
dignidade." Sobre as acusações de
"ditadura constitucional", Winter
disse que "a Venezuela chegou ao
ponto de ter de romper com a estrutura viciada e apodrecida".
Já para o também ator Marco
Ricca, "a questão não é ser a favor
ou não de Chávez". O manifesto,
para ele, "é um alerta para que [o
plebiscito] não seja mais uma forma de intervencionismo, de uma
forma única de pensamento". "É
para deixar claro que esse tipo de
intervenção não serve, senão daqui a pouco está no nosso quintal.
É um movimento pacifista e humanista, em prol da democracia."
Entre os intelectuais, o sociólogo Emir Sader diz que assinou o
documento pelo fato de "a Venezuela ser o único país da América
Latina que está melhorando, por
ser um regime democrático, eleito
pelo povo e vítima de uma tentativa de golpe militar, vítima de um
monopólio da mídia e porque a
cobertura da nossa mídia é muito
parcial, inclusive a da Folha".
Para o deputado venezuelano
Timoteo Zambrano, líder da oposição a Chávez, os signatários do
manifesto estão "mal informados" pela propaganda oficial: "Se
esses intelectuais vivessem na Venezuela, fariam o que os intelectuais venezuelanos farão: votar
contra Chávez".
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