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REPRESSÃO
Ex-suboficial teria dado informação à Justiça
Pinochet mandou queimar corpos de desaparecidos políticos, diz jornal
DA REDAÇÃO
Os cadáveres de 18 vítimas da
repressão deflagrada pelo regime
de Augusto Pinochet (1973-90)
foram queimados por ordem do
ex-ditador chileno, conforme publicou ontem o diário "La Nación", do Chile.
Segundo o jornal, um ex-suboficial de inteligência -não identificado- declarou judicialmente
ter recebido uma ordem direta de
Pinochet, de "máxima urgência",
para desenterrar corpos de opositores políticos executados e fazê-los desaparecer.
A operação, denominada Retirada de Televisores, foi feita em
1979 nas localidades de Linares e
Los Angeles, a 306 km e 500 km da
capital chilena, Santiago, respectivamente. A revelação foi feita ao
juiz chileno Juan Guzmán Tapia,
responsável por vários processos
de desaparecidos políticos.
É a primeira vez que se tem conhecimento do fato de desaparecidos terem sido incinerados. Até
agora, sabia-se que muitos haviam sido jogados no mar ou em
rios, lagos e vulcões.
Em Los Angeles, a operação de
queima de 12 cadáveres foi feita
por oficiais de inteligência do
Exército em um forno com chaminé. Já em Linares, os seis corpos desenterrados foram besuntados com petróleo e queimados
em um tambor metálico.
O ministro do Interior, José Miguel Insulza, afirmou que a nova
acusação contra o ex-ditador não
o surpreende. "Ainda se pode saber muitas coisas mais que ocorreram nesses anos", disse.
O presidente da Fundação Augusto Pinochet, o general da reserva Luis Cortés Villa, pediu que
não envolvessem o ditador "nesses detalhes" e apelou à lealdade
dos antigos militares. "Isso já é ridículo demais", afirmou.
A revelação foi feita um dia depois de o jornal americano "The
Washington Post" ter publicado
que o Riggs Bank, maior banco de
Washington, ajudou Pinochet a
esconder entre US$ 4 milhões e
US$ 8 milhões em contas nas Bahamas, segundo relatório do Senado americano.
O general da reserva Guillermo
Garín, amigo pessoal do ex-ditador, disse que o dinheiro veio de
doações obtidas para a defesa judicial de Pinochet, que esteve em
prisão em domiciliar em Londres,
entre 1998 e 1999, por violações
aos direitos humanos.
Com agências internacionais
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