São Paulo, sábado, 17 de julho de 2004

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REPRESSÃO

Ex-suboficial teria dado informação à Justiça

Pinochet mandou queimar corpos de desaparecidos políticos, diz jornal

DA REDAÇÃO

Os cadáveres de 18 vítimas da repressão deflagrada pelo regime de Augusto Pinochet (1973-90) foram queimados por ordem do ex-ditador chileno, conforme publicou ontem o diário "La Nación", do Chile.
Segundo o jornal, um ex-suboficial de inteligência -não identificado- declarou judicialmente ter recebido uma ordem direta de Pinochet, de "máxima urgência", para desenterrar corpos de opositores políticos executados e fazê-los desaparecer.
A operação, denominada Retirada de Televisores, foi feita em 1979 nas localidades de Linares e Los Angeles, a 306 km e 500 km da capital chilena, Santiago, respectivamente. A revelação foi feita ao juiz chileno Juan Guzmán Tapia, responsável por vários processos de desaparecidos políticos.
É a primeira vez que se tem conhecimento do fato de desaparecidos terem sido incinerados. Até agora, sabia-se que muitos haviam sido jogados no mar ou em rios, lagos e vulcões.
Em Los Angeles, a operação de queima de 12 cadáveres foi feita por oficiais de inteligência do Exército em um forno com chaminé. Já em Linares, os seis corpos desenterrados foram besuntados com petróleo e queimados em um tambor metálico.
O ministro do Interior, José Miguel Insulza, afirmou que a nova acusação contra o ex-ditador não o surpreende. "Ainda se pode saber muitas coisas mais que ocorreram nesses anos", disse.
O presidente da Fundação Augusto Pinochet, o general da reserva Luis Cortés Villa, pediu que não envolvessem o ditador "nesses detalhes" e apelou à lealdade dos antigos militares. "Isso já é ridículo demais", afirmou.
A revelação foi feita um dia depois de o jornal americano "The Washington Post" ter publicado que o Riggs Bank, maior banco de Washington, ajudou Pinochet a esconder entre US$ 4 milhões e US$ 8 milhões em contas nas Bahamas, segundo relatório do Senado americano.
O general da reserva Guillermo Garín, amigo pessoal do ex-ditador, disse que o dinheiro veio de doações obtidas para a defesa judicial de Pinochet, que esteve em prisão em domiciliar em Londres, entre 1998 e 1999, por violações aos direitos humanos.


Com agências internacionais

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