São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 2006

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entrevista

"Desarmar o Hizbollah é impossível"

GUSTAVO CHACRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

O desarmamento forçado do Hizbollah deflagraria uma nova guerra civil no Líbano. A opinião é de Amal Saad-Ghorayeb, professora da Universidade Americana do Líbano. Autora do livro "Hizbu'llah, Politics and Religion" (Hizbollah, política e religião), é considerada a maior especialista libanesa no assunto. Leia a seguir trechos de sua entrevista à Folha.

FOLHA - O seqüestro dos israelenses foi uma surpresa?
AMAL SAAD-GHORAYEB
- Não. O Hizbollah vem ameaçando seqüestrar soldados israelenses desde 2004, quando Israel manteve na prisão três libaneses que deveriam ter sido soltos numa troca. A última tentativa foi há um mês.

FOLHA - Qual o nível de apoio ao Hizbollah no Líbano?
GHORAYEB
- Inicialmente, muitos não-xiitas libaneses culparam o Hizbollah pelas hostilidades. Mas, devido à reação desproporcional de Israel, muitos críticos do Hizbollah esqueceram ou a ignoraram o motivo inicial.

FOLHA - O Hizbollah está fazendo o jogo de Israel ou Israel faz o jogo do Hizbollah?
GHORAYEB
- Os dois têm conflitos abertos com o outro. Israel manteve três prisioneiros libaneses para arrastar o Hizbollah para um conflito e ter um pretexto para neutralizá-lo. O Hizbollah queria um confronto para reduzir a pressão para se desarmar.

FOLHA - Para EUA e Israel o Hizbollah é terrorista. Sua opinião é diferente. Afinal, o que é o Hizbollah?
GHORAYEB
- Um movimento político-militar de cunho populista que representa a maioria dos xiitas libaneses. Nem os críticos internos do Hizbollah o consideram terrorista.

FOLHA - O governo libanês pode desarmar o Hizbollah?
GHORAYEB
- Não, é impossível. A conseqüência de um desarmamento forçado seria uma guerra civil.

FOLHA - Os Irã sabia da ação do Hizbollah contra Israel?
GHORAYEB
- Estou certa de que houve coordenação com o Irã, pela possibilidade da violenta resposta israelense. Mas foi uma decisão do Hizbollah.

FOLHA - Um acordo com o Hizbollah é possível?
GHORAYEB
- Não haverá acordo sem troca de prisioneiros e cessar-fogo.


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