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entrevista
"Desarmar o Hizbollah é impossível"
GUSTAVO CHACRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE NOVA YORK
O desarmamento forçado do Hizbollah deflagraria uma nova guerra civil
no Líbano. A opinião é de
Amal Saad-Ghorayeb,
professora da Universidade Americana do Líbano.
Autora do livro "Hizbu'llah, Politics and Religion" (Hizbollah, política e
religião), é considerada a
maior especialista libanesa no assunto. Leia a seguir trechos de sua entrevista à Folha.
FOLHA - O seqüestro dos israelenses foi uma surpresa?
AMAL SAAD-GHORAYEB - Não.
O Hizbollah vem ameaçando seqüestrar soldados
israelenses desde 2004,
quando Israel manteve na
prisão três libaneses que
deveriam ter sido soltos
numa troca. A última tentativa foi há um mês.
FOLHA - Qual o nível de apoio
ao Hizbollah no Líbano?
GHORAYEB - Inicialmente,
muitos não-xiitas libaneses culparam o Hizbollah
pelas hostilidades. Mas,
devido à reação desproporcional de Israel, muitos críticos do Hizbollah
esqueceram ou a ignoraram o motivo inicial.
FOLHA - O Hizbollah está fazendo o jogo de Israel ou Israel
faz o jogo do Hizbollah?
GHORAYEB - Os dois têm
conflitos abertos com o
outro. Israel manteve três
prisioneiros libaneses para arrastar o Hizbollah para um conflito e ter um
pretexto para neutralizá-lo. O Hizbollah queria um
confronto para reduzir a
pressão para se desarmar.
FOLHA - Para EUA e Israel o
Hizbollah é terrorista. Sua opinião é diferente. Afinal, o que é
o Hizbollah?
GHORAYEB - Um movimento político-militar de
cunho populista que representa a maioria dos xiitas libaneses. Nem os críticos internos do Hizbollah
o consideram terrorista.
FOLHA - O governo libanês
pode desarmar o Hizbollah?
GHORAYEB - Não, é impossível. A conseqüência de
um desarmamento forçado seria uma guerra civil.
FOLHA - Os Irã sabia da ação
do Hizbollah contra Israel?
GHORAYEB - Estou certa de
que houve coordenação
com o Irã, pela possibilidade da violenta resposta israelense. Mas foi uma decisão do Hizbollah.
FOLHA - Um acordo com o
Hizbollah é possível?
GHORAYEB - Não haverá
acordo sem troca de prisioneiros e cessar-fogo.
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