São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 2006

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entrevista

Mundo deixa Israel fazer "serviço sujo"

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE TEL AVIV

As mortes de civis no Líbano não são suficientes para provocar uma intervenção estrangeira. Para o especialista em terrorismo Yoram Kahati, do Instituto de Contraterrorismo de Herzlia, em Israel, a comunidade internacional não assumiu uma posição forte para deixar Israel fazer o "trabalho sujo" contra o Hizbollah. Leia sua entrevista à Folha. (MG)  

FOLHA - O alto número de civis mortos no Líbano pode levar à intervenção externa?
YORAM KAHATI
- Não. O número de mortos não é significativo a ponto de causar intervenção ou a entrada da Síria e do Irã.

FOLHA - Por que a comunidade internacional não teve uma posição forte? Está deixando Israel fazer o "trabalho sujo'?
KAHATI
- Sim, é claro. A comunidade internacional está num dilema. Muitos países consideram o Hizbollah terrorista. Até os sauditas o culpam pela crise. Sem o Hizbollah pode haver uma grande mudança na região. Mas a comunidade internacional também apóia o governo libanês e teme seu enfraquecimento.

FOLHA - Quanto tempo o conflito pode durar?
KAHATI
- Depende da comunidade internacional. A Liga Árabe não tem força. Depende ainda da capacidade de Israel de absorver as baixas. Um número alto pode provocar críticas fortes ao governo.

FOLHA - Alguém pode sair vencedor?
KAHATI
- Não. Vejo uma espécie de empate, que levará a negociações envolvendo interesses de muitos países. Israel terá de libertar prisioneiros em troca dos soldados.

FOLHA - Israel diz querer acabar com o Hizbollah. Isso é possível?
KAHATI
- O grupo não vai desaparecer. Ele tem instituições sociais no Líbano e uma rede internacional de financiamento, inclusive na Tríplice Fronteira. Mas terá sua capacidade militar afetada.

FOLHA - Há risco de Síria e Irã entrarem na guerra?
KAHATI
- Só se houver um ataque israelense sério contra alvos sírios. Algo que atinja o orgulho nacional. O Irã só entra em casos especiais, por exemplo, se Israel matar membros da Guarda Revolucionária iraniana no Líbano.


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