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Escândalo derruba ministra de Kirchner
Titular da Economia, Felisa Miceli renunciou após ser chamada a explicar sacola de dinheiro achada em banheiro do gabinete
Sucessor é Miguel Peirano, hoje secretário da Indústria;
renúncia ocorre na semana em que a primeira-dama oficializará sua candidatura
Presidência argentina - 16.abr.2007/Reuters
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Kirchner e a ex-titular da Economia Miceli, a primeira ministra do gabinete a deixar o governo por suspeitas de irregularidade
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
Investigada por causa de
uma bolsa com dinheiro achada no seu banheiro no Ministério da Economia argentino, Felisa Miceli renunciou ontem ao
cargo, tornando-se assim a primeira ministra de Néstor
Kirchner a deixar o governo
por suspeitas de irregularidade.
A renúncia chega em um momento delicado para o governo,
às voltas com os efeitos de uma
crise energética e justamente
na semana em que será lançada
oficialmente, com um ato em
La Plata, a candidatura à Presidência da primeira-dama, Cristina Fernández de Kirchner.
O substituto de Miceli será
Miguel Peirano, até então secretário da Indústria.
A decisão de Miceli foi tomada depois que o procurador
Guillermo Marijuan pediu ao
juiz Daniel Rafecas autorização
para tomar um depoimento da
ministra, como suspeita de "encobrir uma operação financeira
de legitimidade duvidosa". Se
Rafecas aceitar o pedido, Miceli
pode deixar o depoimento como processada por descumprir
suas obrigações como funcionária pública e pela subtração
da ata na qual foi registrado o
descobrimento do dinheiro.
No dia 5 de junho, durante
uma perícia de rotina, bombeiros encontraram no banheiro
de Miceli uma bolsa contendo
100 mil pesos e US$ 31 mil (no
total, cerca de R$ 120 mil). A
notícia veio a público no fim do
mês passado, em reportagem
do semanário "Perfil". Após 12
dias de silêncio, Miceli concedeu entrevista na qual disse
que o dinheiro foi emprestado
por seu irmão e seria usado para comprar um imóvel.
O procurador alega que o dinheiro integra um lote enviado
pelo Banco Central à financeira
Cuenca, da qual nem Miceli
nem seu irmão são clientes. A
Cuenca é investigada por retiradas não-documentadas.
Na carta de renúncia, a ministra diz que o caso "gerou um
dano imerecido" à sua honra e
indubitavelmente "afeta o governo". Com a renúncia, afirma, quer "ficar em um plano de
igualdade com qualquer cidadão para esclarecer os fatos".
Na coletiva em que anunciou
a renúncia, o chefe-de-gabinete
de Kirchner, Alberto Fernández, que antes tinha dito que o
governo ficara satisfeito com as
explicações de Miceli, manteve
o discurso: "Acreditamos nela.
Mas ela entendeu que se sentiria mais tranqüila respondendo
as denúncias como cidadã, e
nós respeitamos essa decisão".
Miceli era ministra desde dezembro de 2005, quando o hoje
candidato de oposição à Presidência Roberto Lavagna deixou
o governo. Antes de confirmada a renúncia, a expectativa era
que a queda da ministra repercutisse pouco no mercado,
pois, como diz a imprensa argentina, "o verdadeiro ministro
da Economia é Kirchner".
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