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Índices de inflação argentina vêm sendo adulterados desde janeiro, anuncia fiscal
DE BUENOS AIRES
Se a renúncia de Felisa Miceli teve algum efeito positivo para o governo Kirchner, foi o de
ofuscar as conclusões anunciadas ontem pelo fiscal nacional
de Investigações Administrativas, Manuel Garrido, que apura
irregularidades no Indec (Instituto Nacional de Estatísticas
e Censos), órgão responsável
por medir a inflação.
Garrido concluiu que os índices da inflação vêm sendo
"adulterados" desde janeiro,
quando o secretário Guillermo
Moreno (Comércio Interior)
comandou uma intervenção no
órgão, substituindo a diretora.
A nova escolhida por Moreno, Beatriz Paglieri, promoveu
uma mudança na metodologia.
Desde então, os próprios funcionários do Indec denunciam
supostas manipulações nos índices -o que foi ratificado pela
conclusão de Garrido.
"Há uma alteração por meio
de diversas irregularidades, como o não-cômputo de preços
pesquisados e uma mudança
nos programas de computador
que fazem os cálculos", disse.
Garrido rebateu a versão oficial, de que houve mudança de
metodologia na medição da inflação após intervenção comandada por Moreno.
"Não há mudança de metodologia, é impossível. O que há
é uma manobra delitiva irregular de adulteração do índice."
Analistas privados calculam
que a inflação acumulada no último ano, que pelos cálculos
oficiais ronda 8%, seria na realidade de até o dobro desse valor. Garrido já havia recomendado antes que Moreno e Paglieri fossem afastados de seus
cargos. Ontem, anunciou que
tomou "medidas cautelares"
para evitar que a suposta manipulação de dados continue.
Baseado nas investigações de
Garrido, o procurador federal
Carlos Stornelli pediu na semana passada que Moreno fosse
convocado a depor. O secretário é suspeito de ter violado o
segredo estatístico, garantido
por lei, ao obrigar pesquisadores do Indec a revelarem onde
faziam a pesquisa de preços para calcular o índice da inflação.
Além de Miceli e Moreno, a
secretária Romina Picolotti
(Ambiente) é investigada por
suspeitas de irregularidades na
contratação de funcionários
em sua secretaria. Picolotti ainda não foi chamada para depor.
A série de denúncias abala o
discurso de um governo que dizia se diferenciar dos seus antecessores por não haver corrupção.
(RR)
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