São Paulo, sexta-feira, 17 de agosto de 2007

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Chávez criará Banco do Sul sem participação do Brasil

Brasília rejeita o uso de reservas internacionais, como prevê o projeto chavista

Argentina, Bolívia e Equador lançarão com Venezuela a instituição em novembro; Chávez fez anúncio em meio a discurso das reformas

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, deixou claro que não esperará mais o Brasil para a criação do Banco do Sul. Ontem, ele anunciou que a instituição será criada em novembro tendo como sócios Argentina, Bolívia e Equador, seus principais aliados na região.
"Já acordamos com o presidente [argentino, Néstor] Kirchner, com o presidente [boliviano, Evo] Morales e o presidente [equatoriano, Rafael] Correa em não esperar mais. Em novembro, lançaremos o Banco do Sul em Caracas, onde terá sua sede principal, como um banco para os países do sul", disse Chávez na madrugada de ontem, ao final do discurso em que apresentou a reforma constitucional.
"Nós nos convertemos em um país que financia outros países. Isso é válido e poderia ser o primeiro passo de nossa proposta do Banco do Sul", afirmou Chávez, após mencionar o recente anúncio da compra de US$ 1 bilhão em bônus da dívida argentina.
Os comentários do presidente ocorreram quando ele defendia o fim da autonomia do Banco Central venezuelano, um dos pontos de sua reforma constitucional. Se aprovada -é necessário que seja aprovada pela Assembléia e em referendo-, Chávez passará a administrar diretamente as reservas internacionais do país.
Pela proposta de Chávez, o Banco do Sul será financiado por uma parte das reservas internacionais dos países-membros. No início do mês, ele afirmou que a contribuição venezuelana será metade de suas reservas, hoje de US$ 27 bilhões.
As reservas internacionais venezuelanas já são na prática controladas por Chávez, que as usa como fonte dos fundos criados por ele para financiar seus projetos. As constantes retiradas fizeram com que as reservas caíssem 26% em 2007.
Segundo disse à Folha um alto funcionário boliviano envolvido nas negociações, a fundação do Banco do Sul pelos quatro países em novembro não significa que o Brasil e outros países que participaram de reuniões do projeto (Paraguai, Uruguai e Chile) não possam aderir no futuro.
O Brasil tem repetido, porém, que se recusa a entrar em um projeto pronto. O país defende que o desenho do banco seja elaborado por todos e que a nova entidade não seja usada como instrumento político -o contrário da proposta chavista.


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