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Chávez criará Banco do Sul sem participação do Brasil
Brasília rejeita o uso de reservas internacionais, como prevê o projeto chavista
Argentina, Bolívia e Equador lançarão com Venezuela a instituição em novembro; Chávez fez anúncio em meio a discurso das reformas
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O presidente venezuelano,
Hugo Chávez, deixou claro que
não esperará mais o Brasil para
a criação do Banco do Sul. Ontem, ele anunciou que a instituição será criada em novembro tendo como sócios Argentina, Bolívia e Equador, seus
principais aliados na região.
"Já acordamos com o presidente [argentino, Néstor]
Kirchner, com o presidente
[boliviano, Evo] Morales e o
presidente [equatoriano, Rafael] Correa em não esperar
mais. Em novembro, lançaremos o Banco do Sul em Caracas, onde terá sua sede principal, como um banco para os
países do sul", disse Chávez na
madrugada de ontem, ao final
do discurso em que apresentou
a reforma constitucional.
"Nós nos convertemos em
um país que financia outros
países. Isso é válido e poderia
ser o primeiro passo de nossa
proposta do Banco do Sul", afirmou Chávez, após mencionar o
recente anúncio da compra de
US$ 1 bilhão em bônus da dívida argentina.
Os comentários do presidente ocorreram quando ele defendia o fim da autonomia do Banco Central venezuelano, um
dos pontos de sua reforma
constitucional. Se aprovada -é
necessário que seja aprovada
pela Assembléia e em referendo-, Chávez passará a administrar diretamente as reservas
internacionais do país.
Pela proposta de Chávez, o
Banco do Sul será financiado
por uma parte das reservas internacionais dos países-membros. No início do mês, ele afirmou que a contribuição venezuelana será metade de suas reservas, hoje de US$ 27 bilhões.
As reservas internacionais
venezuelanas já são na prática
controladas por Chávez, que as
usa como fonte dos fundos criados por ele para financiar seus
projetos. As constantes retiradas fizeram com que as reservas caíssem 26% em 2007.
Segundo disse à Folha um alto funcionário boliviano envolvido nas negociações, a fundação do Banco do Sul pelos quatro países em novembro não
significa que o Brasil e outros
países que participaram de
reuniões do projeto (Paraguai,
Uruguai e Chile) não possam
aderir no futuro.
O Brasil tem repetido, porém, que se recusa a entrar em
um projeto pronto. O país defende que o desenho do banco
seja elaborado por todos e que
a nova entidade não seja usada
como instrumento político -o
contrário da proposta chavista.
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