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Rússia assina cessar-fogo, mas nega prazo de retirada
Moscou condiciona saída das tropas de território georgiano a "medidas de segurança extras"
Chanceler afirma que a saída pode levar "o tempo necessário"; forças russas ainda controlam 3 cidades fora das regiões separatistas
DA REDAÇÃO
O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, assinou ontem o
plano de cessar-fogo costurado
pela França para pôr fim ao
conflito com a Geórgia, mas
afirmou que não existe um calendário que fixe prazo para a
retirada das suas tropas do território georgiano. Na sexta-feira, o presidente Mikhail Saakashvili, da Geórgia, já havia assinado o documento.
Medvedev pediu "medidas
de segurança extras" na região
do conflito, sem, no entanto,
detalhar que medidas seriam
essas. Seu chanceler, Sergei Lavrov, disse que a saída da Rússia
depende dessas medidas e podem levar "quanto tempo for
necessário". "Não depende só
de nós, já que encontramos todo tipo de problemas criados
pela parte georgiana", disse Lavrov à agência Interfax.
O posicionamento russo encontra respaldo em um dos seis
pontos do plano de paz -o que
faculta às forças russas adotar
"medidas de segurança adicionais temporariamente", enquanto esperam a chegada de
forças de paz internacionais.
Isso, por sua vez, exigiria a
aprovação do Conselho de Segurança da ONU, no qual a Rússia tem poder de veto.
O documento dá ao Kremlin
o direito de manter militares
nas regiões separatistas georgianas da Abkházia e da Ossétia
do Sul -na prática protetorados russos desde 1992. Dá também ao Kremlin a possibilidade
de patrulhar dentro da Geórgia,
10 km além da divisa dessas
duas regiões, mas fora de centros urbanos. Segundo a agência France Presse, isso foi explicitado em carta do presidente
francês, Nicolas Sarkozy, aos
presidentes russo e georgiano.
Anteontem, a Rússia havia
deixado claro que assinava o
documento na qualidade de
mediadora, assim como a
União Européia -ou seja, não
como parte do conflito. Os líderes separatistas da Ossétia do
Sul e da Abkházia assinaram o
documento na quinta-feira.
Após um encontro extraordinário de seu Conselho de Segurança no rancho no Texas onde
passa férias, o presidente George W. Bush disse considerar um
"passo alentador" a assinatura.
Mas alertou a Rússia de que
as duas regiões separatistas fazem parte da Geórgia e que
"não há espaço para debater isso". Disse ainda que a Rússia
deve honrar o compromisso e
sair imediatamente do país.
Movimentação
Pequenos sinais de retirada
ocorreram no vilarejo de Igoeti,
considerado estratégico, a 50
km da capital Tbilisi. Um repórter da Reuters disse que os
soldados foram em direção a
Gori, cidade georgiana perto da
Ossétia do Sul ainda ocupada
pelos russos, apesar de ter havido redução na presença.
Os russos seguiam controlando Sennaki e Zugdidi, próximas à Abkházia. Além disso, a
Geórgia acusou forças russas e
da Abkházia de ocupar outros
13 vilarejos georgianos próximos à região separatista. A informação não foi independentemente verificada e Moscou
não havia comentado até o fechamento desta edição.
Forças russas foram acusadas ainda de ter explodido uma
ponte em Kaspi, próxima a Gori, afetando os serviços de trem
entre o leste e o oeste do país.
Um general russo negou as acusações, dizendo que as hostilidades haviam acabado. Imagens da Reuters mostram que
um dos extremos da ponte ruiu,
mas não é possível dizer em que
circunstâncias.
Em Poti, testemunhas disseram que os russos roubaram
equipamentos do porto no mar
Negro e do aeroporto.
Com agências internacionais
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