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Pressão por ataque militar ao Irã cresce nos Estados Unidos
Argumento é que, se governo americano não investir contra país persa, Israel o fará
DO RIO
Impulsionado por conservadores, o debate sobre a suposta inevitabilidade de um
ataque militar para frear o
programa nuclear do Irã voltou a ganhar corpo nos EUA.
Analistas contrários à ação
divergem sobre se o objetivo
é de fato forçar o governo
Obama a adotá-la ou apenas
obter ganhos para a oposição
na eleição legislativa de novembro, mostrando o presidente como fraco em segurança nacional. Mas temem
que a reverberação do tema
"naturalize" a opção da guerra, transformando-a num fato consumado.
A campanha começou logo depois da aprovação da
quarta rodada de sanções ao
Irã no Conselho de Segurança da ONU e da votação de
sanções unilaterais pelo Congresso americano.
Obama vendeu-as como
uma alternativa à guerra,
embora nunca tenha descartado a "opção militar".
Em julho, 47 congressistas
apresentaram um projeto
que apoia o uso, por Israel,
de "todos os meios necessários" contra o Irã, "incluindo
a força militar".
A lei tem pouca possibilidade de ser aprovada, por enquanto. Mas sustenta-se sobre argumento análogo ao
exposto há dez dias na revista ultraconservadora
"Weekly Standard" e na semana passada na "Atlantic".
Um ataque, dizem os artigos, seria para Israel um ato
de autodefesa preventiva, já
que a possibilidade de o país
persa ter a bomba é considerada "ameaça existencial" ao
Estado judaico.
Na "Atlantic", o premiê
Binyamin Netanyahu disse
que a liderança iraniana, um
"culto messiânico apocalíptico", não seria sensível a
uma política de contenção
contra o uso da arma como a
adotada contra a antiga
União Soviética.
O próprio artigo relativiza
o grau da ameaça, com analistas dizendo que o problema é a perspectiva da perda
da vantagem estratégica de
que Israel desfruta, como
único país do Oriente Médio
com arsenal nuclear.
Mas diz que há 50% de
chances de que os israelenses ataquem em 2011, se concluírem que "Obama não vai,
em nenhuma circunstância,
atacar o Irã".
O texto provocou reações.
Flynt Leverett, ex-funcionário da CIA que defende a normalização das relações entre
EUA e Irã, escreveu que sua
implicação é a de que os EUA
devem agir antes do aliado,
já que seriam afetados pelas
consequências do bombardeio e teriam mais chances
de sucesso.
"Há um clima palpável para a ação militar. O governo
diz que uma bomba no Irã é
inaceitável, implicando que
a contenção não é uma opção", disse à revista "New
Yorker" o ex-congressista
Lee Hamilton.
A dubiedade da Casa Branca contribui para a incerteza.
Os EUA ainda se dizem dispostos a dialogar, mas não
responderam à oferta do Irã
de voltar a negociar a proposta de troca de urânio endossada por Washington em
2009 e que serviu de base ao
acordo mediado por Brasil e
Turquia.
NOVAS USINAS
Ontem, Ali Akbar Salehi,
vice-presidente do Irã, afirmou que o país mantém o
plano de construir dez novas
usinas de enriquecimento de
urânio.
Segundo Salehi, as usinas
serão construídas sob montanhas, justamente para não
ficarem vulneráveis a eventuais ataques. A primeira,
disse ele, começará a ser
construída em março.
(CLAUDIA ANTUNES)
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