São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2008

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análise

Pressão cresce para trégua no embargo

NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA

O mais notório dos dissidentes cubanos, Héctor Palácios, pediu ao governo de Raúl Castro que aceite ajuda humanitária não importa de onde ela venha. Os EUA estão mais do que subentendidos. A pretensão seria fazer com que a tragédia resulte numa oportunidade de começar a abrir politicamente, embora Palácios fale em colocar a política de lado diante da impossibilidade de Cuba enfrentar os estragos dos furacões.
O fato ganhou importância diante da solicitação de Havana para que os EUA levantem o embargo pelo menos por seis meses, em atenção à tragédia.
Palácios não prega no deserto. Tem havido manifestações em favor de uma trégua. A conferência de bispos católicos dos EUA endereçou uma carta a Bush recomendando compreensão diante do sofrimento dos cubanos. Como medida que deve ser tomada de imediato é citado o levantamento de restrições a viagens a Cuba e aos envios de dólares.
Palácios e os bispos americanos agiram quase ao mesmo tempo, de modo parecido e nos epicentros dos conflitos, Washington e Havana. Não faltam, portanto, apelos para que EUA e Cuba ponham de lado suas "diferenças políticas", mesmo que por período limitado. O resto, quem sabe, viria depois.
Palácios tem a credencial de uma sentença de 25 anos de prisão pelo crime de dissidência política. Foi solto no ano passado por motivo de saúde.
Há suposições, bem fundadas, de que é do interesse dos EUA aceitar sugestões nesse sentido e encontrar meios de participação na ajuda sem alteração "substancial" de sua política cubana. Reformulá-la ou não seria tarefa do sucessor de Bush. Mas os rastros de miséria e desespero deixados pelos furacões podem resultar no estouro de um novo êxodo de cubanos em busca do paraíso americano.


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