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análise
Pressão cresce para trégua no embargo
NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
O mais notório dos dissidentes cubanos, Héctor
Palácios, pediu ao governo
de Raúl Castro que aceite
ajuda humanitária não importa de onde ela venha.
Os EUA estão mais do que
subentendidos. A pretensão seria fazer com que a
tragédia resulte numa
oportunidade de começar
a abrir politicamente, embora Palácios fale em colocar a política de lado diante da impossibilidade de
Cuba enfrentar os estragos dos furacões.
O fato ganhou importância diante da solicitação de Havana para que os
EUA levantem o embargo
pelo menos por seis meses, em atenção à tragédia.
Palácios não prega no
deserto. Tem havido manifestações em favor de
uma trégua. A conferência
de bispos católicos dos
EUA endereçou uma carta
a Bush recomendando
compreensão diante do
sofrimento dos cubanos.
Como medida que deve
ser tomada de imediato é
citado o levantamento de
restrições a viagens a Cuba
e aos envios de dólares.
Palácios e os bispos
americanos agiram quase
ao mesmo tempo, de modo parecido e nos epicentros dos conflitos, Washington e Havana. Não faltam, portanto, apelos para
que EUA e Cuba ponham
de lado suas "diferenças
políticas", mesmo que por
período limitado. O resto,
quem sabe, viria depois.
Palácios tem a credencial de uma sentença de 25
anos de prisão pelo crime
de dissidência política. Foi
solto no ano passado por
motivo de saúde.
Há suposições, bem fundadas, de que é do interesse dos EUA aceitar sugestões nesse sentido e encontrar meios de participação na ajuda sem alteração "substancial" de sua
política cubana. Reformulá-la ou não seria tarefa do
sucessor de Bush. Mas os
rastros de miséria e desespero deixados pelos furacões podem resultar no estouro de um novo êxodo
de cubanos em busca do
paraíso americano.
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