São Paulo, quinta-feira, 17 de setembro de 2009

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Plano orça reforma da saúde em US$ 856 bi

Projeto do senador Max Baucus tem apoio da Casa Branca, mas não inclui opção de plano de saúde público, defendida por Obama

Em outras concessões a republicanos, proposta explicita veto a atendimento a imigrantes ilegais e proíbe financiamento de abortos


Charles Dharapak/Associated Press
O presidente Barack Obama, que fez reforma do sistema de saúde a prioridade máxima de sua agenda legislativa em 2009

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O senador democrata Max Baucus apresentou ontem o primeiro esboço de sua proposta de reforma do sistema de saúde americano, vista pela Casa Branca como a com maiores chances de prosperar. A mudança deve custar US$ 856 bilhões em dez anos.
O valor do projeto surpreendeu. Estimativas anteriores apontavam que uma mudança na estrutura do setor que representa cerca de um sexto da economia americana custaria ao menos US$ 1 trilhão ao longo de uma década. O senador afirma que não haverá aumento do deficit e que os recursos viriam de ganhos de eficiência, como no programa Medicare (para idosos), e de novos impostos.
O presidente dos EUA, Barack Obama, já havia encampado o projeto de Baucus, líder da Comissão de Finanças do Senado, em discurso ao Congresso na semana passada. Ela representava a oportunidade de uma proposta bipartidária: foi discutida entre democratas e republicanos nos últimos três meses, mas nenhum dos três senadores da oposição que participaram do debate manifestou apoio ontem.
Trata-se de um projeto que faz concessões a demandas republicanas, embora não conte com o seu apoio. A chamada "opção pública", um plano administrado pelo governo para concorrer com as seguradoras privadas, ficou de fora. A ideia era defendida por Obama e atacada pelas seguradoras.
Além disso, o plano explicita que os imigrantes ilegais não terão direito à cobertura dentro do novo mercado de planos de saúde e proíbe o financiamento de aborto com recursos do governo federal.
A aprovação da reforma é essencial para Obama, que fez dela o principal item de sua agenda doméstica no primeiro ano de governo. Assunto polêmico, a reforma da saúde divide os americanos, afetou a popularidade de Obama e desencadeou uma onda de protestos, que culminou com uma manifestação que reuniu milhares de pessoas contra o presidente no último sábado em Washington.
Em linhas gerais, o programa expande o Medicaid (para baixa renda) e oferece subsídios para que famílias de renda mais baixa possam obter cobertura. Prevê que a partir de 2013 os americanos sem plano estarão sujeitos a multas. As seguradoras serão proibidas de recusar clientes com doenças preexistentes e só poderão aumentar o valor do plano com base em fatores como idade e tabagismo.


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