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Cristina Kirchner incentiva alunos a fazer protestos
Ocupação de 32 escolas por estudantes se torna briga política entre a presidente e o prefeito de Buenos Aires
Jovens estão acampados há um mês em protesto por reformas em tetos, banheiros e também na calefação dos colégios
GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES
A ocupação de escolas públicas de Buenos Aires por
alunos do ensino médio se
transformou em briga política depois que a presidente
argentina, Cristina Kirchner,
declarou apoio ao protesto
dos estudantes.
Há um mês, eles acampam
em corredores e salas de aula
para reivindicar melhorias
de infraestrutura, entre as
quais reformas de tetos e banheiros, instalação de calefação e realização de obras de
acessibilidade.
Os estudantes também
exigem a renúncia do prefeito da capital argentina, Mauricio Macri, adversário político da presidente e de seu marido e antecessor, Néstor
Kichner (2003-2007). Ele teria beneficiado escolas privadas em detrimento das públicas, segundo o movimento.
As ocupações, que têm
apoio de parte dos pais e de
professores, estão forçando o
cancelamento das aulas em
12% das 273 escolas públicas
de ensino médio.
Na semana passada, a presidente do país disse que os
alunos "não pedem demais",
que estão corretos ao protestar e que atuam melhor do
que alguns políticos. O número de colégios ocupados,
que inicialmente era de 28 e
já havia diminuído para cinco, saltou para 32 após a declaração de Cristina.
Macri diz que os alunos e
os Kirchner usam as escolas
para fazer política e que os
investimentos em infraestrutura desde 2007, quando assumiu, já superam em 50%
os do governo anterior.
A prefeitura da capital resiste em negociar com os estudantes e apresentou, há 12
dias, planos de reformas individuais para os colégios em
piores condições. Os alunos
consideraram a oferta insuficiente por contemplar apenas metade dos prédios com
problemas.
Nesta semana, os estudantes e professores levaram os
protestos também para as
ruas e realizaram marchas e
bloqueios no centro de Buenos Aires.
"FUTUROS PIQUETEIROS"
O secretário municipal de
Educação, Esteban Bullrich,
acusou Cristina de estar incentivando futuros "piqueteiros".
Para o cientista social Luis
Fanlo, da Universidade de
Buenos Aires, a intenção de
cooptar movimentos sociais
para usá-los como instrumento político é uma característica dos Kirchner que remete à origem do peronismo,
na década de 1940.
"Não é que eles apoiem a
luta social. A estratégia é
fragmentar os movimentos e
usar recursos do Estado para
manipular a parcela que ficar
ao lado do governo. A esse
sistema, sobrevivem apenas
os movimentos governistas."
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