São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 2002

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Iraque só evitará guerra se acatar "todas as exigências", afirma Bush

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, disse ontem que o único modo como o Iraque pode evitar uma guerra é entregar todas as suas armas suspeitas de serem passíveis de utilização para destruição em massa e permitir que os inspetores da ONU tenham acesso a qualquer instalação do país o mais rápido possível.
"Espero que possamos resolver o problema sem ações militares. Mas, se quiser evitar uma ação militar por parte da comunidade internacional, o Iraque terá a obrigação de respeitar todas as exigências do mundo", declarou.
Bush discursou logo após a assinatura da resolução do Congresso que lhe concede autoridade para dar início a uma ofensiva militar contra o Iraque se necessário.
A assinatura do texto era uma mera formalidade, mas a Casa Branca fez questão de realizar uma cerimônia pomposa para marcar o fato, contando com a presença de diversos líderes do Legislativo de ambos os partidos e de membros do gabinete.
Porém dois dos mais importantes políticos do Partido Democrata, o líder do partido no Senado -Tom Daschle- e o líder democrata na Câmara -Richard Gephardt-, não estiveram presentes ao evento. A resolução do Congresso teve o apoio de ambos os partidos depois de um acalorado debate sobre a suposta ameaça representada pelas armas de destruição em massa iraquianas.
Bush foi duro quanto às exigências que Bagdá terá de respeitar. "O respeito [iraquiano às regras internacionais] começará com uma descrição completa e precisa de todos os materiais químicos, biológicos e nucleares, além dos mísseis e outros meios de lançamento de armas. Se isso não for feito, teremos mais uma prova da má fé e da agressividade do regime [de Saddam Hussein]."
Bush também pressionou a ONU a tomar uma posição clara em relação à questão. "Chegou o momento em que a ONU tem de mostrar-se à altura dos propósitos de sua fundação, protegendo nossa segurança mútua."
O Conselho de Segurança (CS) da ONU teve ontem seu primeiro dia de debate aberto sobre o tema -em meio a protestos de dezenas de países que não fazem parte do CS. Em dias de debate aberto, todos os países-membros da organização podem expressar sua opinião no CS.
Enquanto Bush falava em Washington, Yuri Fedotov, vice-chanceler russo, afirmava, na sede da ONU, em Nova York, que a resolução proposta pelos EUA na ONU era inadmissível, indicando que a proposta francesa, mais branda, era mais próxima das aspirações do Kremlin. Moscou e Paris têm direito de veto no CS.

Sharon
Bush provocou um imbróglio diplomático ao admitir, em encontro com o premiê Ariel Sharon, que Israel, caso o país fosse atacado pelo Iraque, teria o direito de defender-se. Mais tarde, um funcionário da Casa Branca explicou que qualquer ação ligada ao tema teria de ser debatida antes que Israel atacasse o Iraque. Na Guerra do Golfo (1991), os EUA pediram a Israel que não respondesse aos ataques iraquianos.


Com agências internacionais


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