São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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URNA INTERNACIONAL

Brasileiros do RS entram no clima da campanha uruguaia e apóiam candidatos no vizinho

Gaúcho da fronteira terá "segundo turno"

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Há moradores do interior gaúcho que, mesmo vivendo em cidade com menos de 200 mil eleitores (portanto, sem segundo turno), voltarão a sentir o clima eleitoral no próximo dia 31. São os habitantes da fronteira entre Brasil e Uruguai -os uruguaios elegerão seu novo presidente exatamente no mesmo dia em que há segundo turno no Brasil.
Votando ou não, moradores de Santana do Livramento (divisa com a uruguaia Rivera), Chuí (divisa com a uruguaia Chuy), Aceguá e Jaguarão vão erguer bandeiras de partidos parecidos com os seus no Brasil e, em alguns casos, vão fazer campanha. São os casos do PT com a Frente Ampla e dos partidos Colorado e Nacional com a centro-direita.
As estimativas são de que há entre 5.000 e 7.000 brasileiros que vivem do lado de lá da fronteira. Muitos têm dupla nacionalidade e até votam no Uruguai.
O maior foco do clima eleitoral atinge a cidade brasileira Santana do Livramento (a 504 km de Porto Alegre) e a sua vizinha, o município uruguaio Rivera. E é possível que o Uruguai siga o exemplo de Livramento.
O município brasileiro, de 96 mil habitantes, elegeu como prefeito um candidato socialista, Wainer Machado (PSB). Enquanto isso, no Uruguai, o favorito à Presidência é um candidato de esquerda, Tabaré Vázquez.
Caso típico de "doble chapa" é o advogado e ex-jogador de futebol Delco Suárez, 49. Nascido em Rivera, casado com uma brasileira e pai de um casal de filhos brasileiros, Suárez já perdeu em eleições para vereador e deputado no Uruguai. No Brasil, teve mais sucesso: é vereador e foi reeleito no último domingo em Livramento, pelo PP -no Uruguai, seu partido é o Colorado, do atual presidente, Jorge Batlle.
Aproveitando o fato de já estar eleito, Suárez vai fazer campanha, com santinho e tudo, para o candidato colorado à Presidência, Guillermo Stirling.
Curiosidades: Suárez já concorreu a vereador nos dois países ao mesmo tempo e, atualmente, é um uruguaio vereador no Brasil.
Há situações extremas: a estudante Cláudia dos Santos, 20, que tem cidadania brasileira e uruguaia, vota no Brasil e no Uruguai. Ela é filha de mão brasileira e pai uruguaio. Vive em Livramento e estuda em uma escola de Rivera.
"No Brasil, tive de justificar o voto neste ano, porque meu título é de Pelotas. Se eu estivesse lá, teria votado no Marroni [Fernando Marroni, do PT, prefeito e candidato à reeleição no segundo turno contra Bernardo de Souza, do PPS]. No dia 31, vou votar em Tabaré", contou ela.


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