São Paulo, sábado, 17 de outubro de 2009

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Construtoras são processadas por critério racia

l Seis firmas de Nova York respondem a acusação de pagar em virtude de cor, raça ou país de origem do empregado

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

Seis empresas de construção em Nova York foram acusadas de usar critérios de cor, raça ou país de origem para definir o valor dos pagamentos de seus funcionários. O procurador Andrew Cuomo abriu um processo em que cobra US$ 4 milhões referentes a pagamentos de horas extras, salários e compensação pela discriminação entre empregados.
Pela tabela usada pelo dono das empresas, Michael Mahoney, funcionários brancos de origem irlandesa recebiam em média US$ 25 por hora, os negros ganhavam US$ 18, e brasileiros e latinos em geral, US$ 15 pelas mesmas funções.
A investigação começou em 2006. A Procuradoria recebeu uma série de denúncias de ex-funcionários e de empregados das empresas (EMC of New York, FSC Construction, FSC General Construction, BCM Construction Contractors Corporation, Eastlake Industries e Rigid Concrete Construction).
"Nova York é apoiada por centenas de milhares de trabalhadores da construção que atuam incansavelmente para manter a cidade. Negar aos trabalhadores os salários garantidos pelo Estado ou discriminá-los com base em raça e etnia é uma violação grosseira da lei e um vergonhoso abuso de poder. O processo é uma mensagem a todos os empresários de Nova York: atuem conforme as regras ou vão encarar as consequências", disse Cuomo.
De acordo com o processo, em alguns casos os funcionários (carpinteiros e operários) deixavam de receber o equivalente a US$ 600 por mês.
Segundo a denúncia, em vez da qualificação profissional, a cor era o critério usado para contratar empregados para vagas de melhor remuneração, destinadas aos brancos.
Em média, os empregados trabalhavam de 60 a 70 horas por semana e não recebiam pelas horas extras trabalhadas.
Os relatos afirmam ainda que as empresas não mantinham registros atualizados das horas trabalhadas. Os pagamentos eram feitos semanalmente, com cheques de várias contas. Os empregados chegaram a receber cheques sem fundo.
As seis empresas citadas no processo já atuaram desde 2002 em dez obras de edifícios residenciais e hotéis em Manhattan e Brooklyn. Em cada obra, trabalham em média de 20 a 40 funcionários.
Martin Sosa, 28, disse que trabalhava até 70 horas por semana, incluindo sábados e domingos. Ele foi funcionário da EMC por 18 meses entre 2005 e 2006 e trabalhou em quatro obras. "Os irlandeses trabalhavam oito horas por dia e faziam um pouco de carpintaria. Não os latinos. Eles faziam tudo, a parte mais pesada do trabalho."
Segundo Andre Puerta, do Conselho de Carpinteiros do Distrito, salários com base racial são muito comuns em empregos não sindicalizados.


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