São Paulo, domingo, 17 de novembro de 2002

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Tropas fazem novo cerco ao QG de Iasser Arafat em Ramallah

DA REDAÇÃO

Como em ocasiões anteriores, Israel atribui ao líder palestino Iasser Arafat a responsabilidade pelo ataque que deixou ao menos 12 mortos em Hebron anteontem.
Numa cena que se tornou rotineira na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, tanques e blindados israelenses cercaram novamente a Mukata, o quartel-general do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP).
É a terceira vez este ano que Arafat -acusado pelo governo israelense de apoiar o terrorismo e de nada fazer para impedir a ação dos extremistas islâmicos- é sitiado no local. A maior parte dos edifícios do complexo palestino foi derrubada -só três deles continuam em pé- por disparos de tanques e pelos buldôzeres das forças de Israel.
"O padrão está muito claro agora", disse Gideon Meir, um porta-voz da chancelaria israelense. "Toda vez que um enviado americano vem tentar obter um cessar-fogo ou quando Israel alivia as condições para tornar a vida da população palestina mais fácil, há um ataque terrorista."
Meir acrescentou: "A liderança palestina mantém os seus próprios cidadãos como reféns, com o objetivo de implementar suas aspirações políticas".
Até ontem, a ANP ainda não havia se manifestado publicamente para condenar o ataque aos colonos e soldados israelenses.
Assessores de Arafat costumam criticar atentados contra civis em cidades israelenses, mas vêem ações armadas contra militares e assentamentos judaicos na faixa de Gaza e na Cisjordânia como atos justificados de legítima defesa contra a ocupação.
O atentado em Hebron poderia reforçar os argumentos dos setores mais à direita do governo do premiê Ariel Sharon, que defendem a expulsão definitiva de Arafat dos territórios palestinos.
Este é, aliás, um dos principais pontos da plataforma do ex-premiê e recém-empossado chanceler Binyamin "Bibi" Netanyahu, que disputa com Sharon a liderança do partido Likud às vésperas das eleições parlamentares, marcadas para 28 de janeiro.
Na semana passada, "Bibi" disse que, se eleito primeiro-ministro, enviaria Arafat ao exílio.
Pressionado pelos EUA a manter certa moderação na repressão à Intifada -Washington quer manter a questão iraquiana, e não a palestina, no centro da agenda internacional-, Sharon descarta, ao menos por enquanto, a expulsão de seu rival palestino.
A nova escalada na violência no Oriente Médio ocorre num momento em que o Egito e o Fatah, partido político de Arafat, tentavam convencer os grupos palestinos responsáveis por atentados suicidas a suspender suas atividades até as eleições de Israel.
Com base em experiências anteriores, Arafat sabe que atos terroristas costumam favorecer nas urnas os setores da linha-dura da política israelense. Assim, novos ataques apenas fortaleceriam o Likud e partido à direita dele.
Por essa razão, representantes do Fatah e do Hamas vêm negociando um acordo no Cairo. O Jihad Islâmico, que reivindicou a autoria do ataque em Hebron, não está participando do diálogo.


Com agências internacionais

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