São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2007

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Ciclone varre Bangladesh e mata pelo menos 606

Acesso às áreas atingidas é difícil e número de vítimas, provisório, continua a subir

Sistema de abrigos e alarme do país asiático, onde ciclone matou 500 mil em 1970, ainda é insuficiente apesar da vulnerabilidade

Farjana Khan Godhuly/Associated Press
Parentes choram a morte de Golak e Kumila Sorkar, vítimas do ciclone Sidr, no vilarejo de Goyara, 320 km ao sul da capital

DA REDAÇÃO

A passagem do ciclone Sidr por Bangladesh arrasou cidades, destruiu as redes elétrica e telefônica no sudoeste do país e matou pelo menos 606 pessoas -segundo o mais recente balanço oficial do Ministério de Gestão de Desastres.
Ventos de até 240 quilômetros por hora atingiram a costa bengalesa na noite de quinta e madrugada de sexta-feira, elevando o nível do mar e do rio Ganges, que inundaram casas. Com muitas áreas ainda incomunicáveis, o número de vítimas continua a subir.
"Neste momento estamos em completa obscuridade e não sabemos nada", disse à agência de notícias Efe um funcionário do Centro de Controle do Ministério de Gestão de Desastres, em Dacca. O centro registra 192 desaparecidos, mas adverte que os números são provisórios. As agências de notícias locais estimam que os mortos já passam de 1.100.
"Pensei que nunca mais veria a minha família. Há um rastro de destruição em todo lugar. Sequer conseguimos detectar onde estavam as nossas casas -restam poucas de pé, todas elas destelhadas", relata o empresário Mollik Tariqur, de Bagerhat, um dos distritos mais devastados.
Depois de assolar o sudoeste, o ciclone perdeu força e se converteu em tempestade tropical no centro do país, de onde seguiu para a Índia. Os fortes ventos, porém, persistem na capital e na cidade portuária de Chitagong, dificultando os trabalhos de resgate.
Bangladesh, uma das nações mais pobres da Ásia, é periodicamente atingida por ciclones e tempestades. Em 1970, um ciclone matou meio milhão de pessoas. Desde então, o país desenvolveu um sistema de alarmes e abrigos públicos -que não impediu a morte de 140 mil pessoas em 1991, durante uma tempestade tropical.
Apesar da ajuda internacional, intensificada após 1991, a proteção bengalesa continua distante do mínimo necessário diante da violência dos fenômenos climáticos.
De acordo com o Crescente Vermelho -a Cruz Vermelha em países muçulmanos-, cerca de 3,2 milhões de pessoas deixaram suas casas em 15 distritos, a maioria na região de Barisal, para fugir do Sidr. Não mais que 620 mil, porém, puderam se alojar nos abrigos governamentais. A maioria simplesmente buscou refúgio em terras mais altas.
Cerca de 60% dos bengaleses vive a menos de dez metros do nível do mar e as casas de bambu e barro comuns no país têm pouca resistência às tempestades, aumentando o potencial de destruição. A maioria dos corpos já resgatados foi encontrada em escombros de casas que desabaram.


Com agências internacionais


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