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Palestino anuncia eleições antecipadas
Hamas diz que decisão do presidente Abbas é "golpe de Estado" e "chamado à guerra civil" e convoca manifestações
Segundo Abbas, votação, que só deveria ocorrer em 2009, colocará povo como juiz da atual disputa entre facções políticas palestinas
DA REDAÇÃO
O presidente da Autoridade
Nacional Palestina, Mahmoud
Abbas, convocou ontem eleições presidenciais e legislativas
antecipadas, que segundo ele
devem acontecer "o mais rápido possível" para acabar com a
crise entre o Hamas, islâmico,
hoje com maioria no Parlamento, e o seu grupo Fatah, secular.
Ontem, centenas de partidários
do Hamas marcharam em protesto e ao menos 18 palestinos
se feriram e um garoto de 13
anos morreu no confronto entre os dois grupos.
"Vamos nos dirigir ao povo
para ouvir sua voz. Queremos
que o povo seja o nosso juiz",
disse Abbas em discurso em
Ramallah, na Cisjordânia.
Dirigentes do Hamas afirmaram que a antecipação das eleições é um "golpe de Estado" e
um "chamado à guerra civil" e
convocaram os palestinos a
protestar contra a decisão. "Se
Abbas está cansado com a situação, ele deveria se demitir",
disse o ministro das Relações
Exteriores, Mahmud A-Zahar.
O Hamas venceu as eleições
legislativas de janeiro passado
e, com a maioria no Parlamento, comanda o gabinete palestino. A próxima votação legislativa só deveria ser realizada em
2009 e a presidencial, em 2008.
A vitória do Hamas, que não reconhece o direito à existência
de Israel, provocou um boicote
econômico aos palestinos por
parte de Israel, dos EUA e da
União Européia. Para pôr fim
ao embargo, Abbas e dirigentes
do Hamas chegaram a discutir,
sem sucesso, a formação de um
governo de unidade.
No discurso, Abbas disse que
se reunirá com seu conselho
eleitoral assim que possível.
Ainda não se sabe, entretanto,
quando as eleições vão acontecer. Yasser Abed Rabbo, membro da Organização para a Libertação Palestina (OLP), disse
à France Presse que as eleições
devem ocorrer em três meses.
Mas, "por razões técnicas, as
eleições não poderão acontecer
até a metade de 2007", disse
Saeb Erekat, conselheiro de
Abbas.
A disputa entre os dois grupos se agravou nos últimos
dias, com ataques mútuos. Um
atentado a um carro de um alto
funcionário do Fatah matou
três crianças, na semana passada, e o premiê Ismail Haniyeh,
do Hamas, foi alvo de um atentado há três dias. Na sexta, choques entre os grupos deixaram
32 feridos na Cisjordânia.
Israel, EUA e Reino Unido
demonstraram satisfação e
apoio à decisão do presidente
palestino. "O governo de Israel
apóia os palestinos moderados
que tratam de negociar sem recorrer à violência", declarou o
porta-voz do governo israelense.
Com agências internacionais
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