São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 2006

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Palestino anuncia eleições antecipadas

Hamas diz que decisão do presidente Abbas é "golpe de Estado" e "chamado à guerra civil" e convoca manifestações

Segundo Abbas, votação, que só deveria ocorrer em 2009, colocará povo como juiz da atual disputa entre facções políticas palestinas


DA REDAÇÃO

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, convocou ontem eleições presidenciais e legislativas antecipadas, que segundo ele devem acontecer "o mais rápido possível" para acabar com a crise entre o Hamas, islâmico, hoje com maioria no Parlamento, e o seu grupo Fatah, secular. Ontem, centenas de partidários do Hamas marcharam em protesto e ao menos 18 palestinos se feriram e um garoto de 13 anos morreu no confronto entre os dois grupos.
"Vamos nos dirigir ao povo para ouvir sua voz. Queremos que o povo seja o nosso juiz", disse Abbas em discurso em Ramallah, na Cisjordânia.
Dirigentes do Hamas afirmaram que a antecipação das eleições é um "golpe de Estado" e um "chamado à guerra civil" e convocaram os palestinos a protestar contra a decisão. "Se Abbas está cansado com a situação, ele deveria se demitir", disse o ministro das Relações Exteriores, Mahmud A-Zahar.
O Hamas venceu as eleições legislativas de janeiro passado e, com a maioria no Parlamento, comanda o gabinete palestino. A próxima votação legislativa só deveria ser realizada em 2009 e a presidencial, em 2008. A vitória do Hamas, que não reconhece o direito à existência de Israel, provocou um boicote econômico aos palestinos por parte de Israel, dos EUA e da União Européia. Para pôr fim ao embargo, Abbas e dirigentes do Hamas chegaram a discutir, sem sucesso, a formação de um governo de unidade.
No discurso, Abbas disse que se reunirá com seu conselho eleitoral assim que possível. Ainda não se sabe, entretanto, quando as eleições vão acontecer. Yasser Abed Rabbo, membro da Organização para a Libertação Palestina (OLP), disse à France Presse que as eleições devem ocorrer em três meses. Mas, "por razões técnicas, as eleições não poderão acontecer até a metade de 2007", disse Saeb Erekat, conselheiro de Abbas.
A disputa entre os dois grupos se agravou nos últimos dias, com ataques mútuos. Um atentado a um carro de um alto funcionário do Fatah matou três crianças, na semana passada, e o premiê Ismail Haniyeh, do Hamas, foi alvo de um atentado há três dias. Na sexta, choques entre os grupos deixaram 32 feridos na Cisjordânia.
Israel, EUA e Reino Unido demonstraram satisfação e apoio à decisão do presidente palestino. "O governo de Israel apóia os palestinos moderados que tratam de negociar sem recorrer à violência", declarou o porta-voz do governo israelense.


Com agências internacionais

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