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Lula leva a Morales US$ 750 mi da Petrobras
Investimento da estatal brasileira vem após longa negociação; parceiros também assinam acordo para corredor interoceânico
LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL A LA PAZ
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou no início da
noite de ontem a La Paz para
uma visita de pouco mais de 24
horas em que anunciará investimentos de US$ 750 milhões
da Petrobras na Bolívia até
2012. Assinou ontem acordo
para a conclusão de uma estrada interoceânica que ligará
Brasil, Bolívia e Chile.
Os investimento da estatal
brasileira vêm após longa negociação após o governo de Morales ter nacionalizado propriedades da Petrobras e de outras
empresas estrangeiras no ano
passado. A Petrobras chegou a
anunciar que não colocaria
mais dinheiro em projetos no
país, mas o Brasil cedeu.
Lula e a presidente do Chile,
Michele Bachelet, foram recebidos por Evo Morales na sede
do governo boliviano, onde assinaram os acordos relativos à
construção do chamado "corredor interoceânico", projeto antigo que até hoje não saiu do papel. Até o fechamento desta
edição, os presidentes permaneciam em reunião reservada.
A estrada partiria de Arica e
Iquique, no Chile, e depois de
atravessar o território boliviano e brasileiro, chegará ao porto de Santos. A promessa é que
a estrada, que ligará os oceanos
Atlântico ao Pacífico, esteja
transitável até 2009. O projeto
é tratado como um "elemento
de integração regional".
Para o Brasil, o acesso ao Pacífico é visto como uma ponte
para o mercado asiático. No caso da Bolívia, o país vai se beneficiar com a infra-estrutura pela qual movimentará suas exportações. Segundo a imprensa
boliviana, com a nova estrada,
uma encomenda que demorava
mais de 40 dias para ir do Brasil
até a costa chilena de navio poderá ser levada por terra em
pouco mais de três dias.
Em entrevista ao jornal boliviano "La Prensa" publicada
ontem, o presidente Lula confirmou o retorno dos investimentos da Petrobras na Bolívia
e disse que o montante chega a
U$ 750 milhões. Ele também
minimizou a quebra de contratos do governo boliviano com a
estatal e as mudanças feitas na
legislação que rege o setor dos
hidrocarbonetos no país e disse
que "o importante é manter as
regras no futuro".
Segundo o presidente, este
valor servirá para ampliar a
produção de gás em 8 milhões
de metros cúbicos por dia até
2012 a partir dos campos onde
a Petrobras já trabalha - San
Antonio, San Alberto e Ingre.
Na chegada dos presidentes,
um grupo de bolivianos fez um
protesto - reprimido pela polícia- contra a construção das
usinas do rio Madeira. Eles levantaram um cartaz com a inscrição "Não às usinas do Lula
no rio Madeira" na praça em
frente ao palácio. Policiais retiraram os ativistas do local.
"Se construírem as represas,
vão desaparecer os povos indígenas. Lula pode ser o melhor
presidente no Brasil, mas aqui,
só vai trazer morte e destruição", afirmou uma das ativistas,
Justina Pona.
O presidente chega à Bolívia
num momento de crise política
interna. Ao "La Prensa", Lula
afirmou que Morales foi eleito
pela maioria da população e
que se "identifica com ele por
sua luta em favor da inclusão
social e econômica". "Nós temos um compromisso com a
Bolívia e com o povo boliviano.
Estamos aqui para ajudar."
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