São Paulo, segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

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Lula leva a Morales US$ 750 mi da Petrobras

Investimento da estatal brasileira vem após longa negociação; parceiros também assinam acordo para corredor interoceânico

LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL A LA PAZ

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou no início da noite de ontem a La Paz para uma visita de pouco mais de 24 horas em que anunciará investimentos de US$ 750 milhões da Petrobras na Bolívia até 2012. Assinou ontem acordo para a conclusão de uma estrada interoceânica que ligará Brasil, Bolívia e Chile.
Os investimento da estatal brasileira vêm após longa negociação após o governo de Morales ter nacionalizado propriedades da Petrobras e de outras empresas estrangeiras no ano passado. A Petrobras chegou a anunciar que não colocaria mais dinheiro em projetos no país, mas o Brasil cedeu.
Lula e a presidente do Chile, Michele Bachelet, foram recebidos por Evo Morales na sede do governo boliviano, onde assinaram os acordos relativos à construção do chamado "corredor interoceânico", projeto antigo que até hoje não saiu do papel. Até o fechamento desta edição, os presidentes permaneciam em reunião reservada.
A estrada partiria de Arica e Iquique, no Chile, e depois de atravessar o território boliviano e brasileiro, chegará ao porto de Santos. A promessa é que a estrada, que ligará os oceanos Atlântico ao Pacífico, esteja transitável até 2009. O projeto é tratado como um "elemento de integração regional".
Para o Brasil, o acesso ao Pacífico é visto como uma ponte para o mercado asiático. No caso da Bolívia, o país vai se beneficiar com a infra-estrutura pela qual movimentará suas exportações. Segundo a imprensa boliviana, com a nova estrada, uma encomenda que demorava mais de 40 dias para ir do Brasil até a costa chilena de navio poderá ser levada por terra em pouco mais de três dias.
Em entrevista ao jornal boliviano "La Prensa" publicada ontem, o presidente Lula confirmou o retorno dos investimentos da Petrobras na Bolívia e disse que o montante chega a U$ 750 milhões. Ele também minimizou a quebra de contratos do governo boliviano com a estatal e as mudanças feitas na legislação que rege o setor dos hidrocarbonetos no país e disse que "o importante é manter as regras no futuro".
Segundo o presidente, este valor servirá para ampliar a produção de gás em 8 milhões de metros cúbicos por dia até 2012 a partir dos campos onde a Petrobras já trabalha - San Antonio, San Alberto e Ingre.
Na chegada dos presidentes, um grupo de bolivianos fez um protesto - reprimido pela polícia- contra a construção das usinas do rio Madeira. Eles levantaram um cartaz com a inscrição "Não às usinas do Lula no rio Madeira" na praça em frente ao palácio. Policiais retiraram os ativistas do local.
"Se construírem as represas, vão desaparecer os povos indígenas. Lula pode ser o melhor presidente no Brasil, mas aqui, só vai trazer morte e destruição", afirmou uma das ativistas, Justina Pona.
O presidente chega à Bolívia num momento de crise política interna. Ao "La Prensa", Lula afirmou que Morales foi eleito pela maioria da população e que se "identifica com ele por sua luta em favor da inclusão social e econômica". "Nós temos um compromisso com a Bolívia e com o povo boliviano. Estamos aqui para ajudar."


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