São Paulo, segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

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Estatuto de autonomia cruzenho descarta reeleição para governador

DA ENVIADA A SANTA CRUZ

Políticos e dirigentes do departamento boliviano de Santa Cruz comemoraram seu Estatuto Autonômico, documento em que exige independência administrativa em relação a La Paz, com duras críticas ao governo -de ataques ao "projeto comunista" de La Paz e à possibilidade de reeleição para presidente a referências racistas.
Num ato na noite de sábado, o governador Rubén Costas, criticou a nova Constituição boliviana aprovada por governistas e aliados, que prevê que presidente e vice possam ficar no poder por até dois mandatos seguidos.
"Não à reeleição, não a esse projeto manchado de sangue", disse Costas em referência aos três mortos em Sucre em 24 de novembro, enquanto a Assembléia Constituinte fazia sessão na cidade.
O texto cruzenho não prevê reeleição para governador. Além de não permitir mandatos consecutivos, o estatuto ainda é mais restritivo: quem já ocupou o cargo máximo de Santa Cruz só pode voltar a fazê-lo uma vez.
"Vamos seguir com essa "engenharia democrática", vamos buscar 500 mil, um milhão de assinaturas [para o referendo]", disse o governador, no comício com discursos e shows que reuniu cem mil pessoas, segundo os organizadores. Os festejos continuaram pela madrugada em bares da cidade, após carreatas e buzinaços.
Os cruzenhos pretendem levar o Estatuto Autonômico, aprovado por uma Assembléia Autonômica Provisória na semana passada, a um referendo para depois implementá-lo. O documento prevê que Santa Cruz poderá legislar sobre terras, gás e petróleo.
A grande maioria dos presentes no ato usava modelos de camisetas com dizeres pró-autonomia, e a segurança era feita principalmente pela "Guarda de Honra", da União Juvenil Cruzenha, organização com ares de milícia da qual só podem participar cruzenhos, filhos de cruzenhos.
Arrancando aplausos, Costas voltou a chamar o presidente Evo Morales de "macaco". O prefeito Percy Fernández falou que o presidente queria governar "com a indiaiada", embora o estatuto cruzenho reconheça cinco povos indígenas em Santa Cruz e o evento ter sido pontuado pelo grito guarani "Yambe" ( que quer dizer sem dono).

Meia lua e referendo
Os departamentos de Pando, Beni e Tarija também fizeram atos pró-autonomia no sábado.
O governo de Beni apresentou à população seu estatuto de autonomia e prevê juntar assinaturas para um referendo. Segundo a imprensa local, o governo departamental de Pando quer a implementação da autonomia seja imediata, sem consulta. Já em Tarija, uma carta com princípios autonômicos foi apresentada num comício.


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