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Unasul cria conselho regional de defesa
Cúpula aprova órgão de cooperação entre Forças Armadas da América do Sul; objetivo não são operações militares
Documento rejeita presença de grupos armados ilegais, menção às Farc; escolha de secretário-geral do bloco é adiada, após divergências
DO ENVIADO À COSTA DO SAUÍPE
A Unasul (União de Nações
Sul-Americanas) não conseguiu em sua cúpula de ontem
eleger o secretário-geral, mas
deu um passo muito mais importante no rumo da integração regional: criou o Conselho
Sul-Americano de Defesa.
Quando se sabe que, há apenas 25 anos, as Forças Armadas
do Brasil tinham a Argentina
como hipótese de inimigo para
uma guerra (e vice-versa);
quando se sabe que Chile e Argentina ainda mantêm diferendos fronteiriços; que Equador e
Peru foram à guerra também
por problemas de fronteira faz
dez anos; ou que Bolívia e Chile
não mantêm relações diplomáticas formais, entende-se a importância do passo dado.
"Ajudará a manter a confiança entre as Forças Armadas da
região", resumiu o chanceler
Celso Amorim.
O Conselho, a ser formado
pelos ministros da Defesa dos
12 países da Unasul, não será
um instrumento de operações
militares. Estabelecerá, isto
sim, "uma visão comum sobre
políticas de defesa", de acordo
com Amorim.
Envolve treinamento de tropas, cooperação entre as forças,
uniformização de equipamentos, chegando a uma base industrial comum para a produção de armamentos, sempre de
acordo com o ministro.
O comunicado da cúpula fala
em defesa dos "sistemas democráticos de governo" contra
"ameaças externas e internas"
e rejeita a "presença e a ação"
de "grupos armados ilegais" de
qualquer natureza, uma referência às Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia).
"Foi a condição proposta pela
Colômbia para entrar no Conselho", disse nota de Bogotá.
A cúpula da Unasul criou um
segundo conselho, o de Saúde,
com vistas à promoção de políticas sanitárias comuns.
Amorim tratou de desdramatizar o fato de não ter sido escolhido ontem o secretário-geral
da Unasul. Primeiro, porque
seria temporário, até que os
Parlamentos dos 12 países-membros aprovem o tratado
constitutivo do conglomerado
(só dois o fizeram até agora, Bolívia e Venezuela).
Segundo, porque já ficou decidido que a escolha se dará até
abril, quando termina a presidência temporária do Chile.
O candidato único até aqui
mencionado é o ex-presidente
argentino Néstor Kirchner, vetado, no entanto, pelo Uruguai
por causa de conflito diplomático entre os dois países, iniciado no governo Kirchner, sobre
a instalação de uma fábrica de
celulose no lado uruguaio da
fronteira.
(CLÓVIS ROSSI)
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