São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

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Unasul cria conselho regional de defesa

Cúpula aprova órgão de cooperação entre Forças Armadas da América do Sul; objetivo não são operações militares

Documento rejeita presença de grupos armados ilegais, menção às Farc; escolha de secretário-geral do bloco é adiada, após divergências

DO ENVIADO À COSTA DO SAUÍPE

A Unasul (União de Nações Sul-Americanas) não conseguiu em sua cúpula de ontem eleger o secretário-geral, mas deu um passo muito mais importante no rumo da integração regional: criou o Conselho Sul-Americano de Defesa.
Quando se sabe que, há apenas 25 anos, as Forças Armadas do Brasil tinham a Argentina como hipótese de inimigo para uma guerra (e vice-versa); quando se sabe que Chile e Argentina ainda mantêm diferendos fronteiriços; que Equador e Peru foram à guerra também por problemas de fronteira faz dez anos; ou que Bolívia e Chile não mantêm relações diplomáticas formais, entende-se a importância do passo dado.
"Ajudará a manter a confiança entre as Forças Armadas da região", resumiu o chanceler Celso Amorim.
O Conselho, a ser formado pelos ministros da Defesa dos 12 países da Unasul, não será um instrumento de operações militares. Estabelecerá, isto sim, "uma visão comum sobre políticas de defesa", de acordo com Amorim.
Envolve treinamento de tropas, cooperação entre as forças, uniformização de equipamentos, chegando a uma base industrial comum para a produção de armamentos, sempre de acordo com o ministro.
O comunicado da cúpula fala em defesa dos "sistemas democráticos de governo" contra "ameaças externas e internas" e rejeita a "presença e a ação" de "grupos armados ilegais" de qualquer natureza, uma referência às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). "Foi a condição proposta pela Colômbia para entrar no Conselho", disse nota de Bogotá.
A cúpula da Unasul criou um segundo conselho, o de Saúde, com vistas à promoção de políticas sanitárias comuns.
Amorim tratou de desdramatizar o fato de não ter sido escolhido ontem o secretário-geral da Unasul. Primeiro, porque seria temporário, até que os Parlamentos dos 12 países-membros aprovem o tratado constitutivo do conglomerado (só dois o fizeram até agora, Bolívia e Venezuela).
Segundo, porque já ficou decidido que a escolha se dará até abril, quando termina a presidência temporária do Chile.
O candidato único até aqui mencionado é o ex-presidente argentino Néstor Kirchner, vetado, no entanto, pelo Uruguai por causa de conflito diplomático entre os dois países, iniciado no governo Kirchner, sobre a instalação de uma fábrica de celulose no lado uruguaio da fronteira. (CLÓVIS ROSSI)


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