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Bachelet impulsiona lei que regula fortuna de autoridade pública
Oposição vê motivação eleitoral contra favorito à sucessão presidencial, Sebastián Piñera, empresário mais rico do Chile
Projeto estabelece que governantes com mais de US$ 19 mi de patrimônio devem abrir mão da gestão de bens durante mandato
THIAGO GUIMARÃES
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo do Chile determinou regime de urgência para a
tramitação de um projeto de lei
que obriga autoridades públicas com patrimônio superior a
US$ 19 milhões a abrir mão da
gestão de suas fortunas.
A decisão pela manutenção
da urgência do projeto, que tramita no Congresso chileno há
três anos, ocorre em meio ao
maior engajamento do governo
Michelle Bachelet na campanha presidencial de Eduardo
Frei, que disputa o segundo
turno em janeiro contra o opositor de centro-direita Sebastián Piñera.
Vencedor do primeiro turno
da eleição no último domingo,
com 44% dos votos, contra
29,6% de Frei, Piñera é o empresário mais rico do Chile,
com patrimônio avaliado em
US$ 1 bilhão. A principal aposta
da campanha do ex-presidente
Frei é justamente apontar conflito de interesses por sua condição de empresário.
"Com a renovação da urgência do projeto, o governo busca
transformar o assunto em tema
de campanha", afirmou à Folha o analista político Guillermo Holzmann, da Universidade de Valparaíso.
O governo da esquerdista
moderada Bachelet sempre negou motivação eleitoral no projeto, que recebeu no Chile o
apelido de "Lei Piñera". Diz que
a iniciativa, que integra uma
proposta maior de transparência na política, foi aprovada em
outubro inclusive com votos da
centro-direita. O texto voltou
ao Senado após veto do governo
por questões de redação.
A campanha de Frei, dirigida
desde esta semana por uma das
principais ministras de Bachelet, que renunciou ao cargo para assumir a tarefa, quer polarizar a disputa em termos de ricos contra pobres, para atrair
eleitores dos outros dois competidores do primeiro turno.
O independente Marco Enríquez-Ominami teve 20,1% dos
votos, e o comunista Jorge Arrate alcançou 6,2%. Ambos são
egressos da Concertação, o bloco de centro-esquerda que governa o Chile há 20 anos. Enquanto Arrate negocia apoio a
Frei, Ominami não endossou
nenhuma das candidaturas.
O eleitorado de Ominami
também é alvo de Piñera, que já
incorporou à sua campanha um
economista da equipe do ex-candidato.
Alvo de críticas por sua riqueza, Piñera já havia delegado
em abril a quatro corretoras
privadas parte da administração de seu patrimônio, em um
chamado "fundo cego", em que
o dono dos recursos não interfere na gestão. O empresário
ainda mantém, contudo, a gestão da companhia aérea LAN,
entre outras empresas.
Com agências internacionais
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