São Paulo, quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

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Bachelet impulsiona lei que regula fortuna de autoridade pública

Oposição vê motivação eleitoral contra favorito à sucessão presidencial, Sebastián Piñera, empresário mais rico do Chile

Projeto estabelece que governantes com mais de US$ 19 mi de patrimônio devem abrir mão da gestão de bens durante mandato


THIAGO GUIMARÃES
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo do Chile determinou regime de urgência para a tramitação de um projeto de lei que obriga autoridades públicas com patrimônio superior a US$ 19 milhões a abrir mão da gestão de suas fortunas.
A decisão pela manutenção da urgência do projeto, que tramita no Congresso chileno há três anos, ocorre em meio ao maior engajamento do governo Michelle Bachelet na campanha presidencial de Eduardo Frei, que disputa o segundo turno em janeiro contra o opositor de centro-direita Sebastián Piñera.
Vencedor do primeiro turno da eleição no último domingo, com 44% dos votos, contra 29,6% de Frei, Piñera é o empresário mais rico do Chile, com patrimônio avaliado em US$ 1 bilhão. A principal aposta da campanha do ex-presidente Frei é justamente apontar conflito de interesses por sua condição de empresário.
"Com a renovação da urgência do projeto, o governo busca transformar o assunto em tema de campanha", afirmou à Folha o analista político Guillermo Holzmann, da Universidade de Valparaíso.
O governo da esquerdista moderada Bachelet sempre negou motivação eleitoral no projeto, que recebeu no Chile o apelido de "Lei Piñera". Diz que a iniciativa, que integra uma proposta maior de transparência na política, foi aprovada em outubro inclusive com votos da centro-direita. O texto voltou ao Senado após veto do governo por questões de redação.
A campanha de Frei, dirigida desde esta semana por uma das principais ministras de Bachelet, que renunciou ao cargo para assumir a tarefa, quer polarizar a disputa em termos de ricos contra pobres, para atrair eleitores dos outros dois competidores do primeiro turno.
O independente Marco Enríquez-Ominami teve 20,1% dos votos, e o comunista Jorge Arrate alcançou 6,2%. Ambos são egressos da Concertação, o bloco de centro-esquerda que governa o Chile há 20 anos. Enquanto Arrate negocia apoio a Frei, Ominami não endossou nenhuma das candidaturas.
O eleitorado de Ominami também é alvo de Piñera, que já incorporou à sua campanha um economista da equipe do ex-candidato.
Alvo de críticas por sua riqueza, Piñera já havia delegado em abril a quatro corretoras privadas parte da administração de seu patrimônio, em um chamado "fundo cego", em que o dono dos recursos não interfere na gestão. O empresário ainda mantém, contudo, a gestão da companhia aérea LAN, entre outras empresas.

Com agências internacionais



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