São Paulo, quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

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Golpistas propõem tirar Honduras da Alba

Congresso deve decidir se país sai de bloco chavista; Micheletti, porém, quer seguir comprando petróleo barato de Caracas

Presidente deposto acusa governo interino de desviar US$ 100 milhões dos fundos gerados pela cooperação com a aliança venezuelana


DA REDAÇÃO

O governo golpista de Honduras anunciou ontem o envio ao Congresso de um projeto para tramitar a saída do país da Alba (Aliança Boliviariana para as Américas), o bloco liderado pela Venezuela do esquerdista Hugo Chávez.
A gestão de Roberto Micheletti anunciou, porém, que não pretende se desligar de outra iniciativa chavista, a Petrocaribe, pela qual a Venezuela vende petróleo e diesel em condições especiais a Honduras e outros 16 países -que vão de Cuba e ao Panamá, cujo governo conservador aderiu neste ano.
Chávez suspendeu Honduras do acordo petrolífero desde o golpe contra Manuel Zelaya, em 28 de junho. Pela iniciativa, o Estado hondurenho teria um fundo de US$ 350 milhões entre 2008 e 2009 gerado pelo pagamento a prazo a Caracas.
O governo golpista afirmou que a retirada do país da Alba é uma reação ao tratamento "desrespeitoso" que países do bloco -que tem ainda Cuba, Bolívia, Nicarágua, Equador e algumas ilhas caribenhas- destinam a Honduras.
Os países do grupo não reconhecem a gestão Micheletti. Nesta semana, voltaram a acusar os EUA de serem coniventes com o golpe.
O ministro da Presidência de Micheletti, Rafael Pineda, argumentou também que, com o tempo, ficou "confirmado" o caráter "socialista" da organização anti-EUA. A Alba foi criada por Chávez em 2004 para se contrapor à Alca (Área de Livre Comércio das Américas), então promovida por Washington.
"Nas horas difíceis, o povo americano esteve conosco, são nossos amigos", disse Pineda.

Zelaya acusa
Ontem, Manuel Zelaya chamou Micheletti de "insolente" e "soberbo" por querer retirar o país do bloco esquerdista.
"São mais de US$ 100 milhões da Alba e da Petrocaribe gastos e desviados por Micheletti para as próprias intenções do governo golpista", acusou o deposto, refugiado na Embaixada do Brasil.
A entrada de Honduras na Alba foi aprovada pelo Congresso, então presidido por Roberto Micheletti, em outubro de 2008. Os legisladores, à época, incluíram várias cláusulas que impediam Zelaya de se somar a ações políticas de Chávez ou atentar contra empresas privadas. Só o Partido Nacional (direita), do presidente eleito Porfirio Lobo, absteve-se.
Tanto os fundos provenientes da Alba quando a Petrocaribe funcionavam com mecanismos de fiscalização estabelecidos pelo Congresso, como uma conta especial no Banco Central de Honduras, a ser usada em investimento. A oposição acusa o governo Zelaya de desvios de verbas.
No fim de novembro, o Ministério das Finanças negou que o governo Micheletti estivesse tentando mover estimados US$ 150 milhões da conta da Petrocaribe para pagar salários do funcionalismo.
Com o golpe, o Estado hondurenho perdeu parte do dinheiro enviado pela cooperação internacional, responsável por 17% do Orçamento do país.

Com agências internacionais



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