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Golpistas propõem tirar Honduras da Alba
Congresso deve decidir se país sai de bloco chavista; Micheletti, porém, quer seguir comprando petróleo barato de Caracas
Presidente deposto acusa
governo interino de desviar US$ 100 milhões dos fundos gerados pela cooperação com a aliança venezuelana
DA REDAÇÃO
O governo golpista de Honduras anunciou ontem o envio
ao Congresso de um projeto para tramitar a saída do país da
Alba (Aliança Boliviariana para
as Américas), o bloco liderado
pela Venezuela do esquerdista
Hugo Chávez.
A gestão de Roberto Micheletti anunciou, porém, que não
pretende se desligar de outra
iniciativa chavista, a Petrocaribe, pela qual a Venezuela vende
petróleo e diesel em condições
especiais a Honduras e outros
16 países -que vão de Cuba e ao
Panamá, cujo governo conservador aderiu neste ano.
Chávez suspendeu Honduras
do acordo petrolífero desde o
golpe contra Manuel Zelaya,
em 28 de junho. Pela iniciativa,
o Estado hondurenho teria um
fundo de US$ 350 milhões entre 2008 e 2009 gerado pelo pagamento a prazo a Caracas.
O governo golpista afirmou
que a retirada do país da Alba é
uma reação ao tratamento
"desrespeitoso" que países do
bloco -que tem ainda Cuba,
Bolívia, Nicarágua, Equador e
algumas ilhas caribenhas-
destinam a Honduras.
Os países do grupo não reconhecem a gestão Micheletti.
Nesta semana, voltaram a acusar os EUA de serem coniventes com o golpe.
O ministro da Presidência de
Micheletti, Rafael Pineda, argumentou também que, com o
tempo, ficou "confirmado" o
caráter "socialista" da organização anti-EUA. A Alba foi criada por Chávez em 2004 para se
contrapor à Alca (Área de Livre
Comércio das Américas), então
promovida por Washington.
"Nas horas difíceis, o povo
americano esteve conosco, são
nossos amigos", disse Pineda.
Zelaya acusa
Ontem, Manuel Zelaya chamou Micheletti de "insolente"
e "soberbo" por querer retirar o
país do bloco esquerdista.
"São mais de US$ 100 milhões da Alba e da Petrocaribe
gastos e desviados por Micheletti para as próprias intenções
do governo golpista", acusou o
deposto, refugiado na Embaixada do Brasil.
A entrada de Honduras na
Alba foi aprovada pelo Congresso, então presidido por Roberto Micheletti, em outubro
de 2008. Os legisladores, à época, incluíram várias cláusulas
que impediam Zelaya de se somar a ações políticas de Chávez
ou atentar contra empresas
privadas. Só o Partido Nacional
(direita), do presidente eleito
Porfirio Lobo, absteve-se.
Tanto os fundos provenientes da Alba quando a Petrocaribe funcionavam com mecanismos de fiscalização estabelecidos pelo Congresso, como uma
conta especial no Banco Central de Honduras, a ser usada
em investimento. A oposição
acusa o governo Zelaya de desvios de verbas.
No fim de novembro, o Ministério das Finanças negou
que o governo Micheletti estivesse tentando mover estimados US$ 150 milhões da conta
da Petrocaribe para pagar salários do funcionalismo.
Com o golpe, o Estado hondurenho perdeu parte do dinheiro enviado pela cooperação internacional, responsável
por 17% do Orçamento do país.
Com agências internacionais
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