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O IMPÉRIO VOTA
Primeira disputa do calendário eleitoral de 2004, amanhã, expõe quadro indefinido na oposição a Bush
Democratas iniciam corrida embolados
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Quatro pré-candidatos democratas chegam embolados à primeira disputa oficial do partido
para decidir quem deverá ser o
opositor do presidente George W.
Bush na eleição presidencial norte-americana de novembro.
O calendário "para valer" da
eleição dos EUA começa amanhã,
em Iowa. O Estado será o primeiro a decidir a preferência entre
seis dos oito pré-candidatos que
aspiram à indicação do Partido
Democrata para concorrer contra
o republicano Bush em 2 de novembro próximo.
Embora Iowa tenha somente 3
milhões de residentes e apenas 7
das 538 cadeiras do Colégio Eleitoral que vai eleger formalmente o
presidente neste ano, a decisão no
Estado é tradicionalmente importante por marcar, logo de saída, as
chances de cada candidato.
Importância semelhante é dada
também à decisão da primária de
New Hampshire, o segundo evento do calendário do processo eleitoral que começa amanhã. O Estado, com quatro cadeiras no Colégio Eleitoral, fará sua escolha no
próximo dia 27.
Os nomes que saírem com força
tanto em Iowa quanto em New
Hampshire terão mais chances de
continuar arrecadando fundos de
campanha e de mobilizar o eleitorado democrata na maratona de
primárias que acontece nos próximos meses.
Não por acaso, aparecem na
frente para a disputa em Iowa os
quatro pré-candidatos democratas que mais gastaram dinheiro
até agora com publicidade, cabos
eleitorais e material promocional.
As últimas pesquisas eleitorais
mostram o senador John Kerry
(Massachusetts) com ligeira vantagem sobre Howard Dean, ex-governador de Vermont, John
Edwards, senador pela Carolina
do Norte, e Richard Gephardt, deputado pelo Missouri.
A proximidade entre os quatro
desencadeou uma nova onda de
ataques de lado a lado.
Há uma semana, Dean, que vem
sendo apontado como favorito à
indicação democrata em pesquisas nacionais, mantinha uma liderança folgada em Iowa -a vantagem desapareceu.
O pré-candidato, líder na arrecadação de fundos até o momento, perdeu terreno nos últimos
dias mesmo após receber o apoio
de políticos tradicionais de Iowa e
de Carol Braun, que já foi a nona
pré-candidata do partido e que
abandonou a corrida na quinta-feira passada. Dean também recebeu sinais de apoio do ex-presidente Jimmy Carter.
Uma derrota de Dean em Iowa,
apesar da pequena mas relativa
importância do Estado, poderá
arranhar a dinâmica de uma campanha que muitos vinham considerado favorita e abrir novas possibilidades para o vencedor no Estado.
É o que a campanha de John
Kerry espera conquistar amanhã.
Kerry, veterano da Guerra do
Vietnã e rico o suficiente para financiar boa parte de sua campanha com fundos próprios, vem
"rodando" há semanas os Estados de Iowa e New Hampshire
atrás desse impulso inicial.
Para isso, pilota muitas vezes
pessoalmente um helicóptero carregado de jornalistas e assessores
para comícios em cidades médias
e pontos remotos dos dois Estados.
Diferentemente das primárias, a
escolha em Iowa ocorrerá por
meio de um mecanismo conhecido como "caucus" (assembléia
partidária), onde milhares de eleitores participam de reuniões em
quase 2.000 pontos do Estado.
Nesses encontros, serão indicados representantes que mais tarde
vão ajudar a escolher os delegados
do partido que participarão da
Convenção Nacional Democrata,
em junho, em Boston.
Iowa tem cerca de 532 mil eleitores democratas registrados e espera-se que ao menos 80 mil participem do processo amanhã.
Em razão da peculiaridade do
"caucus", os pré-candidatos deslocaram centenas de cabos eleitorais para Iowa a fim de tentar convencer, um a um, os eleitores a darem o seu apoio.
A campanha de Dean, por
exemplo, esperava que pessoas
contratadas e voluntários batessem em pelos menos 200 mil portas no Estado até as 19h de amanhã. É nesse horário que começam as reuniões para a escolha
dos candidatos, realizadas normalmente em escolas, igrejas e
prédios do corpo de bombeiros.
Apesar de ser o ponto de partida
do processo de escolha do candidato, principalmente para reforçar as chances dos favoritos, o
"caucus" de Iowa não é determinante.
O pré-candidato e general reformado Wesley Clark, por exemplo,
não está fazendo campanha no
Estado.
Clark tem concentrado energia
e dinheiro para a primeira bateria
de primárias importantes, no
próximo dia 3 de fevereiro, quando haverá votações no mesmo dia
nos seguintes Estados: Arizona,
Delaware, Missouri, Oklahoma,
Carolina do Sul e "caucus" no Novo México e em Dakota do Norte.
Clark também vem apostando
sua fichas na primária da semana
que vem, em New Hampshire. O
general aparece em segundo lugar
no Estado, pouco atrás de Dean,
reproduzindo ali uma tendência
nacional captada por pesquisas de
opinião.
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