São Paulo, domingo, 18 de janeiro de 2004

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Gerente de Bush prevê campanha acirrada

DE WASHINGTON

A atual campanha eleitoral norte-americana será ""dura e difícil" e uma vitória apertada, com uma margem de 3 ou 4 pontos percentuais, "no máximo", poderá ser considerada "uma lavada".
Para Kenneth Mehlman, gerente-chefe da campanha do presidente George W. Bush, o resultado eleitoral de novembro nos EUA deverá seguir o mesmo padrão da última eleição americana.
"É quase certo que o vencedor terá menos de 50% dos votos. Por isso, não temos a falsa opção de mobilizar apenas nossas bases e não nos preocuparmos com os chamados "votos de mudança". Teremos de fazer as duas coisas", disse Mehlman à Folha.
Mehlman foi diretor da área política da Casa Branca nos dois primeiros anos e meio de mandato de Bush, quando deixou o cargo para começar a preparar a atual campanha. Na corrida eleitoral de 2000, foi diretor de campo da chapa Bush-Dick Cheney.
O gerente do presidente-candidato afirma que pretende vender seu ""produto" da maneira mais "sofisticada" possível.
"Vivemos em um mundo onde as pessoas têm 170 canais de TV e publicações das mais específicas possíveis. Há uma riqueza de informações e uma pobreza enorme de atenções. Nosso objetivo é vender idéias e um candidato da mesma maneira sofisticada em que são vendidos hoje produtos e serviços", afirma.
"Para fazer isso, teremos o dinheiro que precisarmos", afirma. Até o início de janeiro, a chapa Bush-Cheney já contabilizava cerca de US$ 130 milhões arrecadados e esperava chegar a quase US$ 200 milhões até a eleição.

Democratas
Mehlman afirma que o Partido Democrata, de oposição a Bush, vem ajudando nos seus planos de reconduzir o atual presidente à Casa Branca.
"Não conhecemos ainda quem será o candidato democrata, mas sabemos que, quem quer que seja, ele não está adotando um tipo de campanha que elegeu um presidente nos últimos 40 anos", diz.
Para Mehlman, os candidatos vitoriosos "sempre terminaram a eleição onde começaram".
Ele afirma que os dois principais favoritos à candidatura democrata, o médico Howard Dean e o general reformado Wesley Clark, estão fazendo o oposto do que fizeram, por exemplo, Jimmy Carter e Bill Clinton, os dois últimos presidentes democratas.
"Carter foi eleito com um discurso de centro, quase conservador. Dizia que faria da América um lugar tão bom quanto o povo da América. Clinton, por sua vez, manteve um discurso por melhoria na Previdência, pregou corte nos juros e nos impostos e defendeu um sistema de defesa forte. Foi vendido como um novo tipo de democrata", diz.
"Agora Dean se mostra à esquerda de tudo e Clark se posiciona contra a Guerra do Iraque e a favor da maconha para fins terapêuticos", diz. "A noção de que se possa começar uma campanha à esquerda e depois terminá-la à direita é uma teoria interessante, mas gostaria de perguntar quem de fato já conseguiu algo assim."
Mehlman afirma que, ao longo das últimas eleições presidenciais e legislativas, "os Estados vermelhos [republicanos] estão cada vez mais vermelhos, e os azuis [democratas] estão se tornando púrpuras [azuis avermelhados]".
Em novembro, pela primeira vez em muitos anos, os republicanos elegeram os governadores no Mississippi e em Kentucky.
"Apesar dos avanços, não podemos relaxar", diz Mehlman olhando para uma folha com a última pesquisa do Gallup feita entre 40 mil americanos: 49,5% para os republicanos, contra 49,2% para os democratas. (FCz)


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