São Paulo, domingo, 18 de janeiro de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Maioria das mortes ocorreu no pós-guerra; coalizão perdeu mais 93 militares de outras nacionalidades

EUA perdem o 500º soldado no Iraque

DA REDAÇÃO

Um ataque na cidade de Taji (que matou três soldados americanos e dois membros da Defesa Civil iraquiana) elevou ontem para 500 o número de soldados dos EUA mortos desde a invasão do Iraque, em 20 de março. Segundo o Pentágono, 72% das baixas ocorreram após o fim dos principais combates, em 1º de maio.
Outros dois soldados foram feridos no incidente. Todas as vítimas estavam em um veículo militar que foi atacado com um explosivo em uma estrada perto de Taji, 30 km ao norte de Bagdá e no meio do Triângulo Sunita, bastião do regime deposto.
Segundo o comando americano, três homens que deixavam o local em um caminhão branco foram capturados, e material explosivo foi apreendido com eles.
A maior parte das 500 baixas americanas até agora ocorreu em ataques iraquianos: a guerra causou 115 mortes, e os ataques da insurgência, outras 231. O saldo é bem mais grave para Washington do que o da Guerra do Golfo (1991), quando foram mortos 315 soldados americanos entre ações hostis e não-hostis.
Além disso, a coalizão perdeu 93 soldados de outras nacionalidades -britânicos, italianos, espanhóis e poloneses, em sua maioria. Entre eles 44 foram mortos em ataques no pós-guerra e 16 em ações não-hostis no período.
Apesar dos números, os ataques contra as forças de ocupação vêm caindo drasticamente diante da intensificação das operações contra a insurgência e após a captura do ex-ditador Saddam Hussein pelos EUA, em 13 de dezembro. Durante o pico de ataques, entre setembro e outubro de 2003, eram mais de 35 por dia. Hoje, são menos de 50 por semana.
Também ontem, os EUA anunciaram a libertação de 20 jordanianos detidos no Iraque e a prisão de um comandante local da insurgência em Tikrit.
O Pentágono prevê que sua presença militar no Iraque siga pelo menos até 2006 -atualmente, ocorre um rodízio de seus cerca de 123 mil militares no país.
Politicamente, no entanto, Washington pretende deixar o Iraque em 30 de junho, quando transferirá o poder a um governo interino eleito indiretamente.
O modelo vem gerando críticas por parte de um dos principais líderes xiitas do país -o aiatolá Ali al Sistani. Na sexta-feira, o chefe da administração provisória dos EUA no Iraque, Paul Bremer, se reuniu com o presidente George W. Bush para debater as sugestões de Al Sistani.
Após o encontro, Bremer afirmou que eventuais sugestões poderão ser acrescentadas ao modelo americano, mas este permanecerá igual em sua essência -o prazo e o sistema indireto de voto.
Amanhã, Bremer e membros do Conselho de Governo Iraquiano debatem a questão com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan. Os EUA querem que o organismo internacional convença Al Sistani da inviabilidade de um pleito direto neste ano, sem que haja uma nova Constituição e um censo nacional de eleitores.


Com agências internacionais

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