São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 2005

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Ruptura vem de 1979 e já decidiu eleição nos EUA

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A pior notícia de 1979 para o governo americano foi a volta do exílio do aiatolá Ruhollah Khomeini. Seus adeptos derrubaram o xá Reza Pahlevi, sólido aliado dos Estados Unidos, e instituíram uma república islâmica.
Logo a seguir, em novembro, um grupo apoiado pelo novo regime seqüestrou os ocupantes da embaixada americana em Teerã, que seriam libertados só em janeiro de 1981. A "crise dos reféns" foi determinante na derrota, em 1980, do democrata Jimmy Carter pelo republicano Ronald Reagan.
Washington armou Saddam Hussein em sua tentativa de derrubar o regime vizinho. Na guerra (1980-1988) morreram 300 mil iranianos e 500 mil iraquianos.
O antiamericanismo se tornou a questão unitária entre tendências islâmicas divergentes nesse país em que um clérigo, o aiatolá Ali Hoseini Khamenei, é ao mesmo tempo chefe de Estado e líder espiritual.
Tensões e atritos cresceram depois do 11 de Setembro, quando o Irã foi colocado por George W. Bush no "eixo do mal", em razão da certeza do apoio logístico dado a grupos terroristas. O regime islâmico estava por detrás do Hizbollah quando um caminhão-bomba, em 1983, matou 241 militares americanos em Beirute.
As coisas se complicaram quando o Irã assinou com a Rússia um tratado para a compra de equipamento nuclear. Argumentou querer apenas produzir eletricidade. Mas os serviços de inteligência ocidentais descobriram que o país contrabandeou equipamentos do Paquistão e possui um programa nuclear paralelo. Se produzisse a bomba, desequilibraria a precária relação de forças no Oriente Médio.
No ano passado o ex-presidente Hashemi Rafsanjani confirmou suspeitas americanas de que seu país dispunha de mísseis com alcance de 1.700 km, capazes de atingir Israel e parte da Europa.
França, Alemanha e Reino Unido negociaram com o Irã a interrupção do enriquecimento de urânio e a abertura de suas instalações a inspetores da AIEA, agência das Nações Unidas contra a proliferação. Mas Washington acredita a inspeção virá a ter alcance limitado.


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