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Patrimônio dos Kirchner quase triplica desde 2003
Ex-presidente argentino e sua sucessora declararam ter US$ 5,66 milhões no fim de 2007
Enriquecimento, afirma casal de políticos, é fruto do fim da dolarização de 2001 e investimentos em imóveis, concentrados na Patagônia
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
O patrimônio do casal formado pelo ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner e sua
mulher e hoje mandatária Cristina Fernández de Kirchner
cresceu 44% só em 2007 e aumentou quase 180% desde que
Néstor subiu ao poder, em
2003, segundo declarações juramentadas entregues por eles
ao Escritório Anticorrupção.
Os Kirchner tinham, no fim
de 2002, um patrimônio de
US$ 2,02 milhões. Nos três primeiros anos do mandato de
Néstor, que assumiu em maio
de 2003, esse patrimônio subiu
pouco, chegando a US$ 2,61 milhões no fim de 2005.
Nos dois últimos anos, porém, o patrimônio dos Kirchner saltou. De 2005 para 2006,
cresceu mais de 50%, chegando
a US$ 3,93 milhões. No ano
passado, o avanço foi de 44%, e
o casal fechou 2007 com um
patrimônio de US$ 5,66 milhões, 178,82% a mais do que tinha antes de Néstor assumir.
A maior fonte de recursos
dos Kirchner são os aluguéis de
suas propriedades. Em 2005, o
casal arrecadou US$ 91 mil com
eles; no ano seguinte, mesmo
sem adquirir nenhum novo
imóvel, os Kirchner declararam ter recebido mais que o
quádruplo, ou US$ 425 mil, de
aluguel. Em 2007, um novo aumento para os inquilinos, que
pagaram US$ 1,72 milhão. Dessa vez, porém, o aumento coincidiu com a compra de duas novas propriedades, um edifício
de dez apartamentos e um hotel, ambos na Patagônia.
É lá, na Província de Santa
Cruz, onde os Kirchner construíram sua carreira política,
que está a maioria dos imóveis
do casal: 19 casas, 12 apartamentos, 6 terrenos e duas lojas.
Além disso, há dois apartamentos em Buenos Aires. Desde
que Néstor Kirchner assumiu o
poder, o casal somou 17 imóveis
à sua lista de propriedades.
Os investimentos imobiliários dos Kirchner começaram
na década de 1970, quando trabalhavam como advogados e
adquiriam por preços baixos
imóveis sob execução judicial.
Com o dinheiro obtido com os
imóveis, Néstor Kirchner se
lançou na carreira política.
O casal justifica sua evolução
patrimonial como resultado da
desdolarização da economia
argentina; o ex-presidente tinha quase US$ 2 milhões depositados no exterior, que passaram a valer quatro vezes mais,
dentro do país, depois da crise
de 2001. Ele aplicou esse dinheiro e investiu em novos
imóveis que só nos últimos
anos começaram a render dividendos. Tantos que o patrimônio líquido de Kirchner cresceu
quase US$ 2 milhões em 2007,
mesmo tendo contraído uma
dívida de US$ 2,7 milhões na
construção do novo hotel.
Os Kirchner já enfrentaram
uma causa judicial por suposto
enriquecimento ilícito em
2005, mas foram absolvidos
pelo juiz federal Julián Ercolini, que aceitou a explicação sobre o dinheiro que tinham investido no exterior.
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