São Paulo, sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

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Patrimônio dos Kirchner quase triplica desde 2003

Ex-presidente argentino e sua sucessora declararam ter US$ 5,66 milhões no fim de 2007

Enriquecimento, afirma casal de políticos, é fruto do fim da dolarização de 2001 e investimentos em imóveis, concentrados na Patagônia

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

O patrimônio do casal formado pelo ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner e sua mulher e hoje mandatária Cristina Fernández de Kirchner cresceu 44% só em 2007 e aumentou quase 180% desde que Néstor subiu ao poder, em 2003, segundo declarações juramentadas entregues por eles ao Escritório Anticorrupção.
Os Kirchner tinham, no fim de 2002, um patrimônio de US$ 2,02 milhões. Nos três primeiros anos do mandato de Néstor, que assumiu em maio de 2003, esse patrimônio subiu pouco, chegando a US$ 2,61 milhões no fim de 2005.
Nos dois últimos anos, porém, o patrimônio dos Kirchner saltou. De 2005 para 2006, cresceu mais de 50%, chegando a US$ 3,93 milhões. No ano passado, o avanço foi de 44%, e o casal fechou 2007 com um patrimônio de US$ 5,66 milhões, 178,82% a mais do que tinha antes de Néstor assumir.
A maior fonte de recursos dos Kirchner são os aluguéis de suas propriedades. Em 2005, o casal arrecadou US$ 91 mil com eles; no ano seguinte, mesmo sem adquirir nenhum novo imóvel, os Kirchner declararam ter recebido mais que o quádruplo, ou US$ 425 mil, de aluguel. Em 2007, um novo aumento para os inquilinos, que pagaram US$ 1,72 milhão. Dessa vez, porém, o aumento coincidiu com a compra de duas novas propriedades, um edifício de dez apartamentos e um hotel, ambos na Patagônia.
É lá, na Província de Santa Cruz, onde os Kirchner construíram sua carreira política, que está a maioria dos imóveis do casal: 19 casas, 12 apartamentos, 6 terrenos e duas lojas. Além disso, há dois apartamentos em Buenos Aires. Desde que Néstor Kirchner assumiu o poder, o casal somou 17 imóveis à sua lista de propriedades.
Os investimentos imobiliários dos Kirchner começaram na década de 1970, quando trabalhavam como advogados e adquiriam por preços baixos imóveis sob execução judicial. Com o dinheiro obtido com os imóveis, Néstor Kirchner se lançou na carreira política.
O casal justifica sua evolução patrimonial como resultado da desdolarização da economia argentina; o ex-presidente tinha quase US$ 2 milhões depositados no exterior, que passaram a valer quatro vezes mais, dentro do país, depois da crise de 2001. Ele aplicou esse dinheiro e investiu em novos imóveis que só nos últimos anos começaram a render dividendos. Tantos que o patrimônio líquido de Kirchner cresceu quase US$ 2 milhões em 2007, mesmo tendo contraído uma dívida de US$ 2,7 milhões na construção do novo hotel.
Os Kirchner já enfrentaram uma causa judicial por suposto enriquecimento ilícito em 2005, mas foram absolvidos pelo juiz federal Julián Ercolini, que aceitou a explicação sobre o dinheiro que tinham investido no exterior.


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