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No mundo todo, só 8% crêem nos políticos
Na América Latina, 70% citam desonestidade em pesquisa; 36% dos entrevistados esperam piora econômica
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
O disseminado conceito popular de que "todo político é ladrão" ganhou medição científica: pesquisa global do instituto
Gallup International para o Fórum Econômico Mundial mostra que apenas 8% dos consultados confiam nos políticos.
Na média mundial, 60% dizem que eles são desonestos,
mas, na América Latina, a porcentagem sobe para 77%. Mesmo em países cujos presidentes
gozam de alta popularidade
(Colômbia, Venezuela e Bolívia), os que dizem que os políticos são desonestos chegam a
79% (Venezuela), 88% (Bolívia)
e ao recorde (90%) na Colômbia. O Brasil não entrou na pesquisa, que ouviu 61.600 pessoas
em 60 países, e é batizada de "A
Voz do Povo". Segundo o Gallup, o levantamento representa o ponto de vista de cerca de
1,5 bilhão de cidadãos.
A desonestidade atribuída
aos políticos é uma característica habitual na "Voz do Povo",
feita há cinco anos, mas subiu o
número dos que desconfiam
dos políticos: eram 48% em
2006, contra os 60% agora (a
pesquisa foi realizada entre outubro e dezembro passados).
A clientela básica do Fórum
Econômico Mundial também
se sai bastante mal na pesquisa:
43% dos pesquisados acham
que os homens de negócio são
desonestos, 42% acham que
eles têm poder demais (e responsabilidade também) e 39%
dizem que se comportam de
maneira não-ética.
Embora feita em um período
em que a crise financeira global
ainda não atingira o patamar
inquietante do início de 2008, a
maioria relativa dos consultados (36%) revelava pessimismo: acreditam que a próxima
geração viverá em um mundo
"muito" ou "um pouco" menos
próspero. Um terço dos consultados acredita no contrário.
O resultado é significativo se
se considera que o mundo está
vivendo cinco anos de inédito
crescimento econômico, o que
deveria levar a mais otimismo
do que pessimismo.
Na América Latina, os mais
otimistas, disparadamente, são
os venezuelanos: 55% crêem
em mais prosperidade ("muito" mais ou "um pouco" mais)
contra 20% de pessimistas. Na
Argentina, ao contrário, só 26%
esperam mais prosperidade,
contra 31% que esperam piora.
Também no quesito segurança predominam os pessimistas,
neste caso com muito maior
margem sobre os otimistas. Para apenas um quarto dos entrevistados a próxima geração viverá em um mundo mais seguro, ao passo que quase a metade
(48% exatamente) acha que o
mundo será muito menos ou
um pouco menos seguro.
A sensação de insegurança é
mais disseminada justamente
nas regiões mais ricas do mundo, Europa Ocidental e América do Norte. Mais de dois terços
dos europeus ouvidos (69%)
acham que o mundo será menos seguro, contra magros 11%
que confiam em mais segurança. Nos EUA/Canadá, 62% são
pessimistas a respeito da segurança e 13%, otimistas.
Os resultados em ambos os
quesitos (prosperidade e segurança) são bastante similares
aos de anos anteriores.
O temor quanto à segurança
explica por que temas a ela ligados subiram na lista de prioridades que os pesquisados querem que seus líderes focalizem.
Antes, ganhavam, ainda que
por pequena margem, objetivos econômicos como eliminar
a pobreza, promover o crescimento econômico e fechar a
brecha ricos/pobres. Agora, somam-se a redução das guerras,
o combate ao terrorismo e a
proteção do ambiente.
Ao contrário dos políticos, os
professores merecem o mais alto nível global de confiança
(34% acreditam neles). Mas, na
África, são superados pelos líderes religiosos e, no Oriente
Médio, por militares/policiais.
Na América Latina, também,
professores e líderes religiosos
aparecem como os mais confiáveis, com, respectivamente,
20% e 17%, seguidos pelos jornalistas (11%). Os menos confiáveis na região são os advogados (apenas 3%), abaixo até dos
políticos e dos sindicalistas,
ambos com 4%.
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