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Arquitetos reagem a catástrofes com conceitos simples e baratos
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Casas, ambulatórios e escolas feitas com tubos de papelão
recicláveis e chapas de madeira
compensada se espalharam pelo Sri Lanka e na Indonésia depois do tsunami de 2004.
O arquiteto japonês Shigeru
Ban ofereceu esta ideia simples, barata e rápida de se fazer
em grande escala, como resposta ao medo de milhares de pessoas que preferiam dormir na
rua a voltar para suas casas.
Como na tragédia do Haiti, as
paredes de concreto podem desabar após qualquer uma das
centenas de réplicas que sucedem um terremoto.
Na moldura de suas construções, os tubos de papelão recicláveis são reforçados e preparados à prova d'água e resistentes ao fogo, o piso é de espuma e
o teto é feito com madeira compensada, revestido de policarbonato isolante.
De Sichuan, destruída por
um terremoto em 2008 na China, a Nova Orleans pós-Katrina, arquitetos têm trabalhado
com a ideia de um recomeço rápido e sustentável em áreas devastadas, ideias que podem ser
empregadas no Haiti.
Shigeru Ban já tinha usado
seu talento para obras temporárias após um terremoto na
Turquia e o genocídio em
Ruanda, mas foi em seu país,
após o terremoto de Kobe, em
janeiro de 1995, que Ban começou a estudar como responder a
catástrofes que deixam milhares sem teto.
"Sou contra o desperdício,
então precisamos usar a tecnologia e os materiais já existentes", afirma Ban, que acabou
criando um escritório só para
pesquisar novos materiais, o
chamado "banlab".
Alicerce alternativo
O japonês já recorreu a caixas
de cerveja cheias de areia como
sustentação para suas construções e até adaptou contêineres,
dependendo das peculiaridades do lugar onde está a obra.
Em 2008, Ban liderou um
grupo de jovens arquitetos da
ONG Retumu após o terremoto
de Sichuan, na China, junto
com o Laboratório da Universidade Keio, do Japão.
Os arquitetos Zhu Tao e Shuqing Li desenharam uma escola
com corredores especialmente
largos para favorecer atividades extraclasse, luz natural na
maior parte da construção,
além de um buraco em uma das
pontas, de onde se abre um auditório ao ar livre.
"Além de seguras e confortáveis, queremos que as classes
tenham o melhor formato para
o ensino, que consigam economizar energia e integradas ao
meio ambiente", explicou Zhu
à Folha.
Casas do Brad Pitt
O arquiteto chinês radicado
nos Estados Unidos Ming Tang,
34, desenhou grandes abrigos
feitos de bambu, e dobráveis,
com inspiração no origami.
Em um projeto bastante
mais caro e ambicioso, o ator
Brad Pitt lidera duas ONGs em
Nova Orleans que estão testando novos tipos de moradia a
Nova Orleans, que, como o Haiti, é frequentemente afetada
por enchentes e furacões.
A Global Green e a Maket it
right New Orleans ("verde global" e "faça certo Nova Orleans") convidaram arquitetos
como Thom Mayne e David
Aldjaye e escritórios como
MVRDV para criar casas com
madeira reciclada, energia solar e um desenho que as protejam das intempéries habituais
- como o térreo suspenso e um
acesso fácil ao teto para facilitar resgates após enchentes.
Tanto as chamadas "Brad
Pitt houses" como as construções de madeira e tijolos de Shigeru Ban na vila de Kirinda, em
Sri Lanka, estão se tornando
símbolos e modelos - suas inovações já inspiram dezenas de
projetos semelhantes.
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