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Gaúcho que assessorou Kerry vê protecionismo
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O cientista político gaúcho
Eduardo Aydos, 57, que assessorou diretamente, entre maio de
1985 e julho de 1986, o pré-candidato democrata à Presidência dos
EUA John Kerry, diz ter elementos suficientes para assegurar: se
Kerry for confirmado candidato e
derrotar o presidente George W.
Bush, o mundo voltará a ter um
bloco ocidental afinado e a Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas) se tornará uma meta
um pouco mais distante.
O motivo para um Ocidente
mais unido: de acordo com Aydos, Kerry é "um liberal clássico
do ponto de vista político" e buscará uma reaproximação dos
EUA com a ONU.
Em relação à Alca, para Aydos,
Kerry não é um liberal típico em
termos econômicos, o que significa que ele tratará de resguardar
mais a economia americana, com
uma política protecionista.
Aydos foi para os EUA em uma
espécie de intercâmbio do Partido
Democrata com partidos afins
-ele, na época, era filiado ao
PDT. Ele discutiu internamente,
no gabinete de Kerry, ameaças de
morte que o senador sofrera por
combater algumas políticas do
governo de Ronald Reagan.
A chegada de Aydos ao gabinete
de Kerry foi curiosa: o ex-governador Leonel Brizola recomendou que ele trabalhasse no gabinete de Edward Kennedy. Aydos,
porém, pensou: "Com Kennedy,
"um medalhão", vou me resumir a
um contínuo". Foi então que o
brasilianista Barry Ames o aconselhou a assessorar Kerry.
O gaúcho chegou a elaborar um
projeto apresentado por Kerry no
Senado, mas que não foi aprovado, segundo ele, em razão de os
democratas serem minoria.
Assim como os outros assessores, tinha a liberdade de chamar o
senador de "Big Jay". Mesmo não
havendo uma correspondência
entre os dois atualmente, Aydos
conquistou a confiança de Kerry
ao fazer, com seu trabalho sobre o
tratamento que os EUA deveriam
dar à dívida externa da América
Latina (que sustentou o projeto
do senador), que, pela primeira
vez, ele fosse citado em editorial
do "Washington Post".
Aydos previa "uma solução sistêmica e equitativa do problema
do endividamento externo dos
países em desenvolvimento".
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