São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Premiê ameaçou sair

Reforma causa racha entre Arafat e Korei

DA REDAÇÃO

A reforma financeira da ANP (Autoridade Nacional Palestina) provocou uma discussão entre o presidente palestino, Iasser Arafat, e o premiê Ahmed Korei.
Os palestinos precisam realizar a reforma para continuar recebendo a ajuda financeira externa -especialmente da União Européia-, que teria caído pela metade desde 2001.
O principal obstáculo para um acordo entre Arafat e Korei é o pagamento de salários das forças de segurança palestinas. O premiê defende que o dinheiro seja dado diretamente aos funcionários da segurança palestina, por meio de contas bancárias, como exigem os doadores. Já Arafat é a favor da manutenção do atual sistema, no qual as autoridades de segurança recebem o dinheiro e o distribuem para os seus subalternos da forma que desejarem.
A União Européia, principal doadora dos palestinos, exige que haja mais transparência no controle das finanças palestinas para elevar a ajuda.
No sábado, após aprovação da nova forma de pagamento no gabinete palestino, Arafat ficou irritado e discutiu com Korei. Segundo autoridades palestinas, o premiê ameaçou renunciar.
Na Alemanha, onde se encontrou ontem com o ministro das Relações Exteriores alemão, Joschka Fischer, Korei negou a ameaça de renúncia. No ano passado, Korei havia ameaçado renunciar por disputas com Arafat sobre o controle da segurança.
O premiê queria que a aprovação ocorresse antes de sua viagem a países europeus para que pudesse mostrar resultados da reforma. Segundo ele, os europeus o cobrariam sobre o tema.
A ajuda internacional corresponde a 60% do orçamento palestino, e os europeus estão insatisfeitos com a demora na implementação de reformas.

Gaza
Jibril Rajoub, principal assessor de segurança de Arafat, disse ontem que a ANP tem condições de assumir o controle da faixa de Gaza caso os israelenses levem adiante o plano de saída unilateral de boa parte da região.
Israelenses que criticam a retirada têm afirmado que o grupo terrorista Hamas poderia aproveitar o vazio de poder em caso de desocupação israelense para assumir o controle da faixa de Gaza.

Barreira
O ministro da Justiça de Israel, Yosef Lapid, afirmou ontem que os israelenses ganhariam mais comparecendo à Corte Internacional de Justiça em Haia (Holanda) na semana que vem do que boicotando a audiência que servirá de base para analisar a legalidade da barreira que o país está construindo para separar o seu território da Cisjordânia. Sua posição contrasta com a do governo do qual faz parte, que decidiu não enviar representantes à corte.
Para Lapid, que integra o Shinui -partido mais moderado da coalizão do premiê Ariel Sharon-, a corte é um excelente palanque para Israel utilizar com o objetivo de dar publicidade aos motivos que levaram o país a construir a barreira. Os israelenses afirmam que ela serve para impedir atentados terroristas; os palestinos, que ela serve para incorporar áreas palestinas.


Com agências internacionais


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