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PORTAS FECHADAS
Imigrantes cujo asilo foi negado serão repatriados à força
Holanda decide expulsar 26 mil estrangeiros
DA REDAÇÃO
O Parlamento da Holanda
aprovou ontem uma medida que
prevê a expulsão de 26 mil imigrantes que tiveram pedidos de
asilo no país negados e esgotaram
todas as possibilidades de recurso. A decisão, criticada por grupos de defesa dos direitos humanos, provocou protestos e ameaças de greve de fome.
A nova regra atingirá principalmente imigrantes que chegaram à
Holanda entre 1999 e 2001. Mas
também serão atingidos outros
que estão no país há mais tempo e
já possuem uma vida arranjada,
família etc. A moção -que terá
de ser chancelada pela Câmara
Alta do Parlamento- concede
anistia a 2.300 imigrantes que estão no país há mais de cinco anos.
"Nós oferecemos regularização
a cerca de 2.300 imigrantes. Os
outros terão de deixar a Holanda", disse a porta-voz do Ministério da Imigração e da Integração,
Rita Verdonk. Segundo ela, a medida apenas reforça leis anteriores
e garante que os que tiveram seus
pedidos de asilo negados sejam
auxiliados a retornar para casa.
Os 26 mil afetados pela decisão
terão oito semanas para deixar a
Holanda voluntariamente. Do
contrário, poderão ser levados
para centros de deportação, onde
receberão ajuda para deixar o país
ou serão repatriados à força, num
prazo de mais oito semanas.
Grupos de refugiados realizam
protestos em frente ao Parlamento, em Haia, desde a semana passada e ameaçam entrar em greve
de fome. Um deles costurou os
olhos e a boca em protesto.
Embora diversos países europeus, como o Reino Unido e a Dinamarca, tenham endurecido
suas leis de imigração, nenhum
realizou, até o momento, expulsões em massa de imigrantes.
Nos últimos anos, diversos partidos de extrema direita de países
europeus -entre eles França,
Holanda e Áustria- exploraram
a questão migratória para melhorar seu desempenho eleitoral, levando partidos mais tradicionais
a adotar políticas mais rígidas.
A Holanda, conhecida por ter
uma sociedade tolerante e aberta
em diversos aspectos, tem se tornado mais hostil a estrangeiros.
Em 2001, o país adotou novas leis
de imigração que reduziram a cota de pedidos de asilo.
Em 2002, um partido de extrema direita liderado por Pim Fortuyn, assassinado alguns dias antes das eleições, obteve uma boa
votação e foi chamado a integrar o
governo de centro-direita.
Poucos meses depois, o partido
deixou o governo e, em novas
eleições, teve uma votação medíocre. Mas o atual premiê, Jan Peter
Balkenende (centro-direita),
manteve na agenda algumas das
bandeiras da extrema direita, entre elas restrições à imigração.
Como resultado, os pedidos de
asilo na Holanda vêm caindo: de
43.600 em 2000 para 18.700 em
2002 e cerca de 10 mil em 2003.
Em carta ao Ministério da Justiça, a organização Human Rights
Watch disse que as deportações
colocariam em risco a vida de pessoas repatriadas para países como
Somália e Afeganistão ou para a
república russa da Tchetchênia.
"As propostas sinalizam um
distanciamento perigoso do papel
histórico da Holanda como líder
da proteção dos direitos humanos
na Europa", disse a entidade.
Com agências internacionais
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