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EUA
Negroponte, que era embaixador no Iraque, terá como missão evitar erros como os que permitiram o 11 de Setembro
Bush põe diplomata na chefia da Inteligência
LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK
O presidente George W. Bush
anunciou ontem a escolha do diplomata John Negroponte, ex-representante dos EUA na ONU e
atual embaixador no Iraque, para
dirigir a recém-criada Diretoria
Nacional de Inteligência.
A decisão surpreendeu. Negroponte, um diplomata de carreira,
não faz parte da seleta comunidade de inteligência dos EUA. Mas
está em linha com a tentativa do
governo de, neste segundo mandato, melhorar a qualidade da
"inteligência humana" -aquela
obtida por agentes de campo e
não por satélites- e buscar compreender os outros países.
Ao anunciar sua escolha, Bush
afirmou que Negroponte tem
"conhecimento das necessidades
de inteligência global". "A inteligência é nossa primeira frente de
defesa", disse. "John vai assegurar
que todos aqueles cuja tarefa é defender os EUA tenham as informações de que precisam para tomar as decisões corretas."
Segundo uma fonte no governo
citada pela agência de notícias Associated Press, no entanto, a primeira escolha do presidente foi o
ex-diretor da CIA Robert Gates,
que recusou o convite. Outros foram convidados e também recusaram, disse a AP, porque a autoridade do posto não está claramente definida. O chefe de gabinete de Bush, Andy Card, negou
ter havido dificuldade.
Se confirmado pelo Senado, Negroponte, 65, terá autoridade sobre todas as 15 agências de informações do governo americano, o
que inclui controlar seu orçamento, afirmou Bush. Seu vice será o
general Mike Hayden, diretor da
Agência de Segurança Nacional
desde 1999.
Unidade
O cargo de diretor nacional de
inteligência foi criado depois de a
comissão encarregada de avaliar
as falhas americanas que viabilizaram o 11 de Setembro concluir,
no ano passado, que falta comunicação entre as diferentes agências de informação do governo.
"Se vamos deter os terroristas
antes que ataquem, temos de assegurar que as agências trabalhem unidas", disse Bush.
O presidente disse que Negroponte será sua principal ligação
com as agências e o primeiro a lhe
passar informações. Seu gabinete,
porém, ficará fora da Casa Branca
-o que, segundo Bush, deve assegurar-lhe independência. Durante a discussão que se seguiu ao
11 de Setembro, funcionários da
CIA (Agência Central de Inteligência) disseram ter havido pressão para que entregassem relatórios dando sustento ao argumento do governo de que o Iraque
ameaçava a segurança mundial.
Dono de uma extensa carreira
diplomática, Negroponte deixa a
Embaixada dos EUA em Bagdá
para assumir o cargo. Ele assumira o posto em julho passado,
quando os EUA dissolveram a autoridade provisória da coalizão e
empossaram o governo interino.
Antes, representara o país na
ONU e ocupara postos diplomáticos na Ásia, na América Latina e
na Europa. Entre 1987 e 1989, chegou a trabalhar como sub-assistente do presidente Ronald Reagan [1981-1989] para questões de
segurança nacional.
As principais críticas a seu nome remontam ao período em que
foi embaixador em Honduras,
quando é acusado de ter ignorado
denúncias de violações dos direitos humanos no país. Um grupo
de familiares das vítimas do 11 de
Setembro também colocou em
xeque a experiência do diplomata
no terreno da espionagem.
Caso confirmado, Negroponte
afirmou que pretende "reformar
a comunidade de inteligência para que ela atenda melhor às necessidades do país no século 21".
"Fornecer inteligência objetiva
no momento certo para o presidente, o Congresso, os departamentos e agências e para nossos
serviços militares é uma tarefa essencial para o país", disse.
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