Quatro homens reivindicam a paternidade da filha da "coelhinha" Anna Nicole

Mãe da última filha de James Brown reivindica metade de sua herança; filhos do "rei do soul" contestam casamento

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK

Nem mortos os famosos dão sossego. Depois de uma semana e meia, o corpo de Anna Nicole Smith, aquela, que na carteira de trabalho tem registros de coelhinha da Playboy, atriz, cantora, apresentadora de TV, vendedora de remédios para emagrecimento e viúva do bilionário do petróleo J. Howard Marsh, segue insepulto. Pior: o de James Brown, rei do "soul" e um dos principais nomes da música americana, morto no Natal de 2006, também.
Na disputa, dinheiro (o que mais poderia ser?).
No caso de Anna Nicole, o agravante da paternidade de uma filha de cinco meses contestada judicialmente por quatro homens (herança, dinheiro; o que mais poderia ser?). Quatro supostos pais da bebê Dannielynn e candidatos à fortuna de mais de US$ 100 milhões impedem, com autorização da Justiça, o enterro:
1) O advogado da modelo na disputa pela herança bilionária do ex-marido e seu namorado à época da morte, Howard K. Stern, 38. A criança foi registrada em seu nome;
2) Larry Birkhead, 34, fotógrafo e ex-namorado de Anna Nicole;
3) O ex-guarda-costas da coelhinha Alexander Denk, de idade não revelada, que diz ter tido um caso com ela;
4) Frederick von Anhalt, 59, marido há 20 anos da atriz Zsa Zsa Gabor, 90, afirma ser o pai da criança.
Embora amostras de DNA já tenham sido extraídas do corpo de Nicole, o juiz Larry Seidlin, da Flórida, determinou que a ex-modelo permaneça à disposição da Justiça para possíveis averiguações.
Outro probleminha: o testamento da modelo, escrito em julho de 2006 e revelado nesta semana, delega os bens ao filho Daniel Wayne Smith, morto aos 20 anos em setembro passado, depois de uma overdose de remédios de venda controlada. Quer mais?
Mórbida, nas palavras do advogado e namorado Stern, Anna Nicole (cuja morte ainda não teve causa determinada) já tinha escolhido um vestido para ser enterrada. A peça estava em fase de provas com um estilista de nome não revelado.
Outro probleminha, de novo: a mãe da modelo, Virgie Arthur, que rompera relações com a filha havia 12 anos, quer enterrá-la no Estado natal, o Texas. O advogado e namorado Stern pretende levar o corpo às Bahamas, onde nasceu Dannielynn e onde está enterrado o filho Daniel.
E o fotógrafo Birkhead deseja que o defunto permaneça insepulto até a conclusão dos testes de paternidade.

Embalsamado
Mas o que foi feito dos corpos (James Brown ainda está entre nós, lembra)?
Anteontem, o juiz Seidlin determinou que o corpo de Anna Nicole seja embalsamado; até então estava congelado numa câmara frigorífica de um IML de Miami. "Quero manter a beleza e a dignidade. Nome e aparência eram coisas importantes para ela", disse o juiz.
Enquanto isso...
Continua a disputa pela herança; a viúva de James Brown reivindica judicialmente a metade dos bens e o corpo do músico espera em local desconhecido o sepultamento. O cantor morreu no final de dezembro, aos 73 anos. Sete semanas depois, seu caixão permanece num local secreto, selado. E deverá ficar assim até terminarem as brigas entre parentes.
O momento pode estar ainda distante, porque as coisas se complicam quase diariamente. Tomi Rae Hynie, última mulher de Brown e mãe do seu filho mais novo, de 5 anos, entrou com um pedido de metade da herança. Hynie, que tem 36 anos e cantava na banda de Brown, sofria de dependência de analgésicos à época da morte do músico e estava internada numa clínica de reabilitação. Os seis filhos do cantor não a reconhecem como mulher legítima e dizem que ela estava casada com outro homem quando do concubinato.
Por medida de segurança, a Justiça determinou o congelamento dos bens (e do cadáver) até que a partilha do espólio seja decidida em juízo. O testamento não inclui Hynie nem seu filho, e ela contesta a validade do documento.
Por questões legais, Elvis Presley levou 90 dias para ser enterrado. O lendário jogador de beisebol Ted Williams ficou meses insepulto por conta de uma disputa familiar. No dizer de Mario Quintana, velório sem defunto. Na voz de James Brown, "I feel good".


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