São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

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FOCO

Belgas fazem "revolta das fritas" contra desgoverno

País bate recorde de período mais longo sem governo -250 dias

IAN TRAYNOR
DO "GUARDIAN"

À 0h de ontem para hoje, 250 dias após uma eleição que deixou o país sem rumo, a Bélgica quebrou o recorde do mundo moderno de período mais longo sem governo e passou a ocupar um posto que antes cabia ao Iraque.
No país dividido, o dia serviu de pretexto para piadas e ganhou o apelido de "Revolução das Fritas" -em referência às tradicionais batatas belgas.
"Isso é causa de orgulho para nós. Podemos enfim enviar uma mensagem positiva sobre a Bélgica. Meu país enfim detém um recorde mundial", brincou o flamengo Edmund Cocquyrt.
Os belgas são conhecidos pela capacidade de zombar de si próprios. O que vem a calhar, já que a classe política do país constitui sua maior piada.
Por isso, ontem, em Ghent, na região flamenga (ou seja, de língua holandesa) da Bélgica, foi realizado o "festival do povo", uma grande festa de rua para celebrar oito meses sem governo, com uma cerimônia brincalhona de premiação pela conquista do "campeonato mundial de mais tempo sem governo".
Festividades semelhantes aconteceram em Bruxelas e Antuérpia, Leuven e Liège. Um grupo de 249 universitários -o equivalente ontem a dias sem governo- tirou a roupa, e outros estudantes promoveram uma distribuição gratuita de batatas fritas.
Um novo jogo de perguntas e respostas, o Belgotron, foi lançado para testar o conhecimento dos participantes sobre o país. O maior prêmio é o cargo de premiê.
"Estamos fazendo piada, mas o assunto não é motivo para brincadeira", disse Veronika, assistente social. "Na verdade, é uma situação muito séria. Ainda que estejamos brincando, estamos cansados. Quero um governo. É urgente. Existem problemas demais a resolver." Em abril, o governo provisório liderado pelo democrata-cristão flamengo Yves Leterme caiu pela terceira vez em dois anos.
A eleição de junho só fez agravar os conflitos linguísticos, políticos e culturais que paralisam o país, já que a vitória coube aos separatistas flamengos de direita, da região norte, que superaram os socialistas de esquerda da região sul, a Valônia.
Depois do pleito, o rei Alberto apontou uma sucessão de mediadores para que formassem uma coalizão. Nenhum obteve sucesso até agora.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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