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São Paulo, terça-feira, 18 de março de 2003

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GUERRA IMINENTE

Líder do governo no Parlamento, Cook diz que é "errado" atacar o Iraque sem ampla coalizão; apoio de britânicos à guerra cresce

Contra guerra, ministro de Blair renuncia

DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, sofreu ontem seu maior revés político interno desde que anunciou apoio à ofensiva dos EUA no Iraque: Robin Cook, líder do Partido Trabalhista no Parlamento, renunciou ao cargo por considerar "errado embarcar em uma ação militar sem amplo apoio internacional".
Como contrapartida, pesquisa do instituto ICM, um dos principais do país, indicou que a resistência da população do Reino Unido ao conflito está em queda. A sondagem mostra que o índice de britânicos pró-guerra subiu nove pontos e agora é de 38%. Mas o percentual contrário ao ataque ainda é maior -44%.
Chanceler do Reino Unido entre 1997 e 2001 e um dos principais nomes de seu partido, Cook enviou carta ao premiê informando "com pesar" sua renúncia. Mais tarde, em declaração no Parlamento, o trabalhista criticou indiretamente a excessiva proximidade entre Blair e o presidente dos EUA, George W. Bush. "O que mais me inquietou nas últimas semanas foi a suspeita de que, se Al Gore tivesse sido eleito [nos EUA em 2000], nós não estaríamos prestes a envolver tropas britânicas [no conflito]", declarou Cook.
Ovacionado por colegas, ele acrescentou que todas as alianças internacionais estão ameaçadas agora que a via diplomática está sendo abandonada.
Cook, que tinha status de ministro, pode não ser o único integrante do alto escalão a deixar o governo trabalhista britânico.
Assessores da ministra Clare Short (Desenvolvimento Internacional) informaram que ela está considerando se continua ou não no governo. Na semana passada, Short dissera, entrevista à rádio BBC, que renunciaria se os britânicos fossem à guerra ao lado dos EUA. Outros parlamentares trabalhistas também haviam falado em renúncia na semana passada.

Votação hoje
A crise dentro do governo trabalhista terá hoje um capítulo fundamental: o premiê Blair pedirá ao Parlamento que apóie sua política externa.
Em declaração na Câmara dos Comuns, ontem, o chanceler Jack Straw afirmou que essa será a votação "mais importante da Casa em muitos anos".
O chanceler argumentou ainda que a operação de guerra tem como objetivo "desarmar o Iraque de seu arsenal de destruição em massa e salvaguardar a autoridade das Nações Unidas".
No mês passado, 122 parlamentares trabalhistas -mais de um quarto da base de sustentação do primeiro-ministro- votaram por uma moção que dizia não haver provas para uma ofensiva contra o Iraque. Era o início do que se confirma agora como a maior rebelião dos aliados de Blair desde que ele chegou ao poder, em 1997.
Na avaliação de parlamentares, esse número deve crescer hoje -mais de 150 trabalhistas estariam dispostos a votar contra Blair. Como o governo conta com 413 das 659 cadeiras da Câmara dos Comuns e ainda tem a simpatia do Partido Conservador na questão iraquiana, é improvável que Blair saia derrotado. Mas o crescimento da oposição dentro do governo abalaria seriamente a imagem do premiê no comando do Partido Trabalhista.


Com agências internacionais


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