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GUERRA IMINENTE
Líder do governo no Parlamento, Cook diz que é "errado" atacar o Iraque sem ampla coalizão; apoio de britânicos à guerra cresce
Contra guerra, ministro de Blair renuncia
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro britânico,
Tony Blair, sofreu ontem seu
maior revés político interno desde
que anunciou apoio à ofensiva
dos EUA no Iraque: Robin Cook,
líder do Partido Trabalhista no
Parlamento, renunciou ao cargo
por considerar "errado embarcar
em uma ação militar sem amplo
apoio internacional".
Como contrapartida, pesquisa
do instituto ICM, um dos principais do país, indicou que a resistência da população do Reino
Unido ao conflito está em queda.
A sondagem mostra que o índice
de britânicos pró-guerra subiu
nove pontos e agora é de 38%.
Mas o percentual contrário ao
ataque ainda é maior -44%.
Chanceler do Reino Unido entre 1997 e 2001 e um dos principais
nomes de seu partido, Cook enviou carta ao premiê informando
"com pesar" sua renúncia. Mais
tarde, em declaração no Parlamento, o trabalhista criticou indiretamente a excessiva proximidade entre Blair e o presidente dos
EUA, George W. Bush. "O que
mais me inquietou nas últimas semanas foi a suspeita de que, se Al
Gore tivesse sido eleito [nos EUA
em 2000], nós não estaríamos
prestes a envolver tropas britânicas [no conflito]", declarou Cook.
Ovacionado por colegas, ele acrescentou que todas as alianças
internacionais estão ameaçadas
agora que a via diplomática está
sendo abandonada.
Cook, que tinha status de ministro, pode não ser o único integrante do alto escalão a deixar o
governo trabalhista britânico.
Assessores da ministra Clare
Short (Desenvolvimento Internacional) informaram que ela está
considerando se continua ou não
no governo. Na semana passada,
Short dissera, entrevista à rádio
BBC, que renunciaria se os britânicos fossem à guerra ao lado dos
EUA. Outros parlamentares trabalhistas também haviam falado
em renúncia na semana passada.
Votação hoje
A crise dentro do governo trabalhista terá hoje um capítulo
fundamental: o premiê Blair pedirá ao Parlamento que apóie sua
política externa.
Em declaração na Câmara dos
Comuns, ontem, o chanceler Jack
Straw afirmou que essa será a votação "mais importante da Casa
em muitos anos".
O chanceler argumentou ainda
que a operação de guerra tem como objetivo "desarmar o Iraque
de seu arsenal de destruição em
massa e salvaguardar a autoridade das Nações Unidas".
No mês passado, 122 parlamentares trabalhistas -mais de um
quarto da base de sustentação do
primeiro-ministro- votaram
por uma moção que dizia não haver provas para uma ofensiva
contra o Iraque. Era o início do
que se confirma agora como a
maior rebelião dos aliados de
Blair desde que ele chegou ao poder, em 1997.
Na avaliação de parlamentares,
esse número deve crescer hoje
-mais de 150 trabalhistas estariam dispostos a votar contra
Blair. Como o governo conta com
413 das 659 cadeiras da Câmara
dos Comuns e ainda tem a simpatia do Partido Conservador na
questão iraquiana, é improvável
que Blair saia derrotado. Mas o
crescimento da oposição dentro
do governo abalaria seriamente a
imagem do premiê no comando
do Partido Trabalhista.
Com agências internacionais
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