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Para analistas,
ditador não
renunciará
DA REDAÇÃO
A renúncia de Saddam Hussein, colocada como condição
central pelo governo Bush para
evitar um ataque ao Iraque, é
muito improvável por duas razões centrais: a auto-determinação do ditador e seu código
de honra. Essa é a avaliação de
especialistas em política iraquiana e estudiosos da trajetória de Saddam.
Em recente artigo publicado
pelo Instituto Brookings
(EUA), o israelense Amatzia
Baram, chefe do departamento
de história do Oriente Médio
na Universidade de Haifa (Israel), recorre à biografia de
Saddam para mostrar como o
líder iraquiano crê ser um predestinado.
"Saddam diz crer em seu destino desde o nascimento, quando sua mãe teria tentado abortá-lo", afirma Baram. "Esse e
outros casos em que ele conseguiu sobreviver em situações
desesperadores deram-lhe
uma forte convicção de que
nunca será abandonado pela
sorte", completa.
Essa crença está alicerçada,
segundo o acadêmico, na articulação política do ditador.
"Após a Guerra do Golfo, Saddam fez concessões significativas para a ONU, permitindo
que inspetores de armas vasculhassem seu território quase livremente. Foi um duro golpe
para a soberania iraquiana,
mas a concessão permitiu que
Saddam continuasse no poder,
mantendo intacto seu regime."
Analistas apontam também
que o rígido código de honra
do ditador dificulta qualquer
possibilidade de renúncia.
"Saddam veria a hipótese de
deixar o país como um sinal de
fraqueza", argumenta Ellen
Laipson, presidente do Henry
L. Stimson Center, "think
tank" especializado em relações internacionais.
O professor Amatzia Baram
confirma esse raciocínio: "Entre os apoiadores de Saddam, a
honra muitas vezes é mais importante do que a vida."
Outro ponto importante da
argumentação de Baram é o
papel histórico do ditador.
"Saddam está convencido de
que é seu destino ser o redentor
da nação árabe. E os EUA representam seu maior inimigo",
diz.
Caçada difícil
Para esses especialistas, na hipótese, considerada remota, de
Saddam decidir fugir, os EUA
teriam dificuldades para rastreá-lo, principalmente se a fuga ocorresse no início do conflito. Os norte-americanos, dizem, ainda não são capazes de
monitorar a movimentação do
ditador.
Entretanto, esses analistas dizem não ser possível comparar
esse cenário com o do desaparecimento do saudita Osama
bin Laden, pois Saddam não teria uma rede como a Al Qaeda
para dar-lhe cobertura.
"Será muito mais difícil para
ele buscar abrigo fora do Iraque. E ele não parece ser o tipo
de personagem que se esconda
em cavernas", opina Laipson.
Com agências internacionais
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