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Cuba impede marcha dissidente à força
Mulheres ligadas a prisioneiros políticos do regime castrista são carregadas para ônibus e deixadas na casa de sua líder
Houve empurra-empurra quando agentes forçaram embarque em dois ônibus; mulheres que resistiram acabaram sendo carregadas
DA REDAÇÃO
Cerca de 30 integrantes do
grupo Damas de Branco, que
reúne mães e mulheres de prisioneiros políticos cubanos, foram detidas durante marcha no
bairro de Párraga, subúrbio de
Havana, ontem. Aos empurrões, todas foram forçadas a entrar em dois ônibus que as levaram para a casa da líder Laura
Pollán, no centro da capital. Na
confusão, algumas mulheres ficaram feridas e precisaram de
atendimento médico.
Entre as manifestantes estava Reyna Tamayo, mãe do detento Orlando Zapata Tamayo,
morto no mês passado depois
de 85 dias de greve de fome.
O ato marcava o terceiro dos
sete dias de protestos organizados pelas Damas de Branco para lembrar o sétimo aniversário
da "Primavera Negra", a última
forte onda de repressão contra
dissidentes em Cuba.
Depois de assistir a uma missa, o grupo pretendia ir em passeata à casa de Orlando Fundora, dissidente preso na ação de
2003 que foi solto devido à saúde frágil e, há alguns dias, estaria também em jejum.
O trajeto das Damas de Branco começou sob os aguardados
ataques de cerca de 300 manifestantes pró-governo. Depois,
vieram os avisos de policiais e
de agentes do Ministério do Interior -a maioria de mulheres,
uniformizadas e à paisana- para que se dispersassem.
As mulheres avançaram cerca de dez quadras, sob chuva,
antes de serem barradas pelos
agentes, que formaram um cordão para obrigá-las a entrar em
um ônibus que bloqueava a via
-um segundo também foi usado. Mulheres que resistiram jogando-se ao chão foram carregadas. Várias ficaram feridas.
"Estamos em uma manifestação pacífica e não vamos entrar em um ônibus do governo
que mantém nossos familiares
presos há sete anos", afirmou a
líder Pollán antes de ser obrigada a entrar em um dos ônibus
que seguiram para a casa dela.
Pollán chamou a ação de "sequestro" e disse ter sofrido arranhões e uma fratura em um
dedo. Ela ainda acusou "os militares" de terem feito "gestos
obscenos". Pollán -cujo marido, Héctor Maceda, cumpre pena de 20 anos de prisão- defendeu a marcha que, segundo
ela, não visava "nenhum lugar
"sagrado'", em referência aos
edifícios do governo cubano.
"Estamos aqui [na casa de
Pollán] e continuaremos com
as marchas, a não ser que nos
ponham na prisão", disse a manifestante Bertha Soler, por telefone. "O governo está encurralado e por isso faz essas coisas", completou.
Um homem não identificado
foi preso em meio às manifestantes ontem, a exemplo do que
ocorrera anteontem, quando
protestaram na União dos Jornalistas de Cuba (Upec, na sigla
em espanhol).
O governo de Raúl Castro nega manter presos políticos e diz
que todos são "delinquentes
comuns" e "mercenários" a serviço dos Estados Unidos. Dale
Lawton, segundo-secretário do
Escritório de Interesses dos
EUA em Havana, acompanhou
a marcha de ontem, sem dar declarações à imprensa.
Com agências internacionais
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