|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bento 16 vai enviar carta a fiéis da Irlanda condenando pedofilia
Papa, contudo, é cobrado a abordar publicamente abusos em sua terra natal
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
O papa Bento 16 anunciou
ontem em sua audiência na
praça São Pedro que enviará
uma carta aos fiéis irlandeses
na qual aborda os recentes escândalos de abuso sexual de
crianças por membros da Igreja Católica no país. O líder religioso afirmou que a instituição
foi "profundamente abalada" e
que ele está preocupado.
Com a carta, que será assinada amanhã e cujo teor exato
não foi revelado, Bento 16 disse
esperar ajudar a "curar" a comunidade. "Peço a todos vocês
que a leiam com o coração
aberto e o espírito da fé. Minha
esperança é que isso ajude no
processo de arrependimento,
cura e renovação", declarou, segundo agências de notícias.
A Igreja Católica irlandesa
passa por uma crise com a revelação, nos últimos meses, de
uma série de casos de abusos
contra crianças praticados por
padres entre os anos 30 e 90.
Ontem, dia de são Patrício,
padroeiro da Irlanda, o cardeal
Sean Brady, chefe da Igreja Católica no país, veio a público se
desculpar por ter participado
do acobertamento do escândalo à época, quando era padre.
No mês passado, o Vaticano
convocou um encontro apenas
para lidar com o tema.
Em maio de 2009, um relatório que compilou nove anos de
investigações expôs uma prática disseminada de molestamentos e violações em parte
das instituições irlandesas que
atingiu mais de 15 mil crianças
e adolescentes. Quatro bispos
renunciaram desde então.
O filme "Em Nome de Deus"
("The Magdalene Sisters", de
Peter Mullan, 2002) faz um retrato perturbador da vida nos
orfanatos e instituições correcionais católicos nos anos 70.
Outros países
A exposição do caso irlandês
colocou na berlinda a Igreja Católica em outros países europeus, como Holanda, Áustria,
Suíça e sobretudo a Alemanha
natal do atual papa. Mas Bento
16 não abordou os demais casos
na audiência de ontem.
Na semana passada, a Igreja
Católica alemã admitiu "erros"
cometidos na Arquidiocese de
Munique entre o fim da década
de 70 e o início da de 80, quando o próprio papa, então bispo
Joseph Ratzinger, a presidia.
Nos últimos meses, emergiu
que pelo menos 250 ex-alunos
de instituições católicas alemãs
foram submetidos a abusos físicos e psicológicos. A partir de
30 de março, a igreja no país terá uma linha exclusiva para a
denúncia de abusos.
A chanceler Angela Merkel
afirmou ontem no Parlamento
que o tema é um "desafio para a
sociedade alemã". "Não simplifiquemos as coisas. Temos de
falar a verdade e com claridade
sobre o que houve."
Recentemente, tem crescido
o coro pedindo que o papa fale
publicamente do problema em
seu país -ele já tratou em particular, com o líder da conferência dos bispos alemães.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Diplomacia: Brasil vai abrir embaixada em Mianmar Próximo Texto: Por reforma da saúde, Obama dá entrevista a emissora opositora Índice
|