São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ANÁLISE

Obama age contra ditador após semanas de hesitação

SIMON TISDALL
DO "GUARDIAN"

Com uma audácia que o mundo havia começado a achar que lhe faltava, o presidente Barack Obama resolveu agir de maneira decisiva.
Os EUA querem a cabeça de Muammar Gaddafi. Não repousarão até que ele seja deposto e o regime da Líbia mude. E estão dispostos a combater para isso.
Obama passou semanas avaliando, hesitando e fazendo declarações vazias, o que enfureceu a França e o Reino Unido, maiores proponentes de uma ação militar.
Mas não foi possível suportar a ideia de que os EUA assistiriam passivamente a Gaddafi enquanto ele esmagava os revolucionários democráticos da Líbia e se vingava da revolta em Benghazi.
Os EUA estão dispostos a intervir para detê-lo. E sem meias medidas. Excetuado o envio de tropas terrestres, todas as demais possibilidades estão sendo estudadas em regime de urgência e devem ser implementadas de imediato.
Isso significa que ataques aéreos iminentes são uma possibilidade. Significa combate direto com a Força Aérea líbia, caso esta opte por lutar. Se as coisas não forem bem, pode significar uma escalada de ações militares bem superior a tudo que foi contemplado até agora.
O impacto imediato deve ser uma suspensão do avanço das forças de Gaddafi contra Benghazi. Se acontecer, a revolução terá sido salva, ainda que no último momento. Mas determinar se poderá perdurar é questão à parte.
Os EUA, a Europa e seus aliados árabes têm a esperança de que Gaddafi recue rapidamente, respeite o pedido de cessar-fogo da ONU e até aceite negociações.
Gaddafi continua falastrão. Apenas um ataque repentino e violento o convencerá a desistir. E é provavelmente isso que ele está a ponto de sofrer. A aposta deve ser que os remanescentes do Exército e forças de segurança líbios que até agora se mantiveram leais a ele terminem por também desertar.
Obama e o premiê britânico, David Cameron, desejam um novo Kuait, não um novo Iraque. Mas, ontem à noite, a política deu lugar ao poderio armado. O resultado não está sob o controle deles. Agora, só podem esperar para ver se estavam certos.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


Texto Anterior: ONU aprova uso da força contra Gaddafi
Próximo Texto: Brasil cogita votar a favor de resolução, mas depois recua
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.