São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2011

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Sobrevivente de bomba atômica reage à crise nuclear com calma

ELAINE LIES
DA REUTERS, EM TÓQUIO

Kazuko Yamashita tinha cinco anos de idade quando a bomba atômica foi despejada sobre Nagasaki, destruindo sua casa em um segundo e legando a ela o medo vitalício: cada vez que ela adoece, teme que desta vez, finalmente, seja um câncer.
Hoje, 66 anos mais tarde, ela traja um suéter cor de rosa, prende seus cabelos tingidos em um coque arrumado e aguarda que a crise nuclear japonesa passe, hospedada na casa da filha em Tóquio, um sobrado que também é dividido com suas duas netas, que brincam no sofá.
"Talvez eu seja um pouco indiferente a tudo isto devido ao fato de ter sido fortemente exposta à radiação, mas não acho que a situação atual seja algo que nos deva assustar", ela disse à Reuters.
"As pessoas parecem estar preocupadas demais, se bem que é claro que não sou eu quem pode dizer se têm razão ou não. Mas eu estava a 3,6 km da bomba, e eles retiraram a população por 20 km [em volta da usina nuclear danificada]. Não entendo esse tipo de reação", disse.
Quase uma semana desde que o terremoto e tsunami maciços desencadearam a crise na usina nuclear de Fukushima 1, 240 km ao norte de Tóquio, muitos estrangeiros e turistas já deixaram o Japão, e a capital está dominada pelo medo da radiação e de cortes de eletricidade.
Yamashita diz que não está levando a situação na brincadeira, mas lamenta a cobertura noticiosa excessivamente alarmista e que fornece informações conflitantes.
"Não posso afirmar que não esteja preocupada, mas não posso dizer que esteja tão preocupada assim", explicou. "Me preocupo realmente com minhas netas. Elas ainda são pequenas."
Yamashita sofre de diabetes, problemas de tireoide e osteoporose, problemas que ela atribui à bomba atômica que caiu sobre sua cidade no final da Segunda Guerra.

Tradução de CLARA ALLAIN

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