UOL


São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ex-ditador usou Barzan para lavar dinheiro

DO "LE MONDE"

Segundo o escritório de investigação Kroll, é muito difícil precisar a rede financeira que Barzan Ibrahim Hasan, meio-irmão de Saddam Hussein, montou para o ex-ditador no exterior. Há estimativas de que Saddam teria de US$ 2 bilhões a US$ 40 bilhões.
Tendo como base Genebra, onde foi diplomata, Barzan espalhou a fortuna entre Jordânia, Suíça, França, Panamá e ilhas britânicas.
Para tanto, usou uma rede de homens de confiança, muitos deles saídos da diáspora iraquiana, mas também cristãos, armênios e iranianos -especialistas em apagar o rastro do dinheiro.
Um exemplo é Bahman Bakhtiar, nascido no Irã mas possuidor de dupla cidadania, iraquiana e suíça. Ele dirigiu, até 1994, uma empresa petroleira, a Jaraco (já fechada), mas atualmente sua família tem como investimento um ateliê de alta costura em Genebra, administrado pela filha May. Bahman tinha ligação com Barzan, assim como Phillippe Bidawit, um bagdali que mora na Suíça, onde abriu uma série de empresas que não existem mais. Além dessas pessoas, a Kroll descobriu 65 toneladas de ouro em cofres suíços.
O escritório americano se notabilizou por revelar a rede de lavagem de dinheiro de vários ex-ditadores, como o haitiano Jean-Claude Duvallier ou o filipino Ferdinando Marcos. As investigações da Kroll fizeram a ONG britânica Indict pedir à Suíça que resgatasse esse dinheiro iraquiano, mas só conseguiu o bloqueio de depósitos.
Em 1991, ano da Guerra do Golfo, Saddam já era considerado um dos homens mais ricos do mundo. Mesmo após o embargo, ele conseguiu enviar ao exterior em média US$ 2 bilhões ao ano, segundo estimativa da Kroll.


Texto Anterior: Papel de polícia
Próximo Texto: Saddam estaria em Bagdá no dia da queda
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.