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VAZIO DE PODER
Membro de grupo opositor diz que foi nomeado por conselho, mas EUA ignoram decisão
No caos de Bagdá, surge um vizir
DA REDAÇÃO
Tentando preencher o vazio de
poder político em Bagdá, um
membro do grupo opositor Congresso Nacional Iraquiano (CNI)
se disse vizir (chefe) da capital.
Mohammed Moshen Zubaidi
disse ter sido eleito por um conselho interino formado por acadêmicos, xiitas, sunitas, cristãos e escritores. O CNI é liderado pelo xiita Ahmad Chalabi, apoiado pelos
EUA. Mas as tropas americanas
que controlam Bagdá disseram
ignorar a iniciativa.
Os saques generalizados que tomaram conta da capital iraquiana
após a derrubada do regime de
Saddam Hussein têm feito muitos
moradores de Bagdá pensar que
talvez antes a situação fosse, apesar de tudo, menos ruim.
"Estou feliz de que ele (Saddam)
tenha sumido, mas a situação hoje é realmente muito pior do que
já foi", disse Sayed Al Hashim, um
funcionário do governo que trabalhava no centro da cidade.
"Este é um período muito duro
para nós. Não sei o que aconteceu
em meu país. Quem está governando? Onde estão as autoridades? Onde está a polícia?"
Al Hashim foi um dos cem funcionários do governo que protestaram ontem, em frente ao hotel
Palestine, pedindo que as forças
dos EUA apressem os planos para
uma nova administração no país.
Enquanto um novo governo
não se forma, o principal museu
do país foi saqueado, hospitais
são invadidos e cidade continua
sem abastecimento regular de
água e energia elétrica.
Ontem, num assalto criativo, ladrões abriram um pequeno buraco na parede de um banco e jogaram dentro dele algumas crianças, encarregadas de fazer passar
o dinheiro pelo rombo.
Ao terem notícia do assalto,
centenas de pessoas correram ao
banco e exigiram que os ladrões
distribuíssem o dinheiro
Depois de uma troca de tiros,
forças norte-americanas chegaram ao local, prenderam uma dúzia de homens e recuperaram o
equivalente a US$ 4 milhões.
Em meio à mais absoluta pobreza das favelas de Bagdá, rodeado
de sujeira, cheiros nauseabundos
e civis armados, o hospital Saddam Hussein -renomeado Chewader- é o único da capital que
continua funcionando.
"Somos o único centro médico
de Bagdá que continua trabalhando 24 horas por dia com todo o
seu pessoal e usando 100% de sua
capacidade", diz o diretor do hospital, Mowafk Gorea.
Nos últimos nove dias, vários
centros públicos foram pilhados:
a polícia, os registros civis e muitos órgãos estatais.
O comando das forças dos EUA
no Iraque disse ontem que suas
tropas terminarão rapidamente
com os saques em Bagdá e restaurarão o poder no país, enquanto
continuam a busca por Saddam.
O general James Mattis afirmou
numa entrevista que o fornecimento de energia elétrica seria
restabelecido hoje em algumas
zonas da cidade, acrescentando
que os marines estavam trabalhando ao lado de iraquianos para
tentar recuperar outros serviços.
Enquanto isso, tiroteios são frequentemente ouvidos nos subúrbios da cidade. Mas os marines encarregados da patrulha dizem
que a maior parte dos tiros vem
dos moradores, que buscam defender suas propriedades dos saqueadores. O general Mattis disse
que a sua divisão, que dispõe de
mais de 20 mil homens, está no
momento concentrada na captura de líderes do governo iraquiano. "Continuamos procurando
pessoas que estavam envolvidas
com o governo de Saddam, pessoas que intimidaram a atormentaram este país", disse o general.
Diante do vazio de poder deixado pela queda do regime de Saddam, a hierarquia religiosa xiita
do Iraque está tentando tomar o
controle do país, o que já é visível
em alguns bairros de Bagdá.
Abdel Rahman Chuili, responsável por uma mesquita no populoso bairro de Saddam City (hoje
rebatizado de Sayyed Sadr), disse
que a população respondeu favoravelmente ao chamado de seus
chefes religiosos.
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