DA REDAÇÃO

Há cerca de um ano, o Liverpool City Council, responsável pela administração da cidade britânica com cerca de 500 mil habitantes, adotou uma medida inédita: "baniu" a troca de e-mails entre os 19,5 mil funcionários do órgão todas as quartas-feiras.
Uma vez por semana, os funcionários foram estimulados a evitar o uso de e-mails e a resolver os problemas por telefone ou pessoalmente.
Segundo Matthew Finnegan, diretor de mídia da entidade, a "experiência educativa teve o objetivo de provocar uma mudança de comportamento". "Tem sido bom para que as pessoas examinem por que usam e-mails e quando ele é realmente o melhor instrumento à disposição", afirma o diretor.
Finnegan diz que um dos problemas detectados no Liverpool City Council é o uso de e-mails como forma de evitar solucionar um problema.
"Nossa missão é oferecer um serviço de primeira qualidade aos habitantes de Liverpool. Entretanto muitas vezes os funcionários, em vez de buscarem uma solução rápida, limitavam-se a encaminhar e-mails para colegas, postergando uma decisão", diz.
"Em alguns casos, o e-mail pode servir como uma camuflagem para a dificuldade de agir, de buscar uma solução", afirma.
De acordo com Finnegan, no início houve resistência por parte dos funcionários, mas, com o tempo, as quartas-feiras tornaram-se um dia de trabalho com menos tensão e mais liberdade.
"As pessoas conversam mais, se movimentam mais. Há uma certa sensação de alívio e de liberdade", diz.
Segundo o diretor de mídia, a experiência chamou a atenção e já foi repetida por outras empresas privadas e públicas, assim como sindicatos, no Reino Unido.

Petrobras
No Brasil, a empresa estatal Petrobras também identifica alguns problemas provocados pelo uso inadequado de e-mails entre seus 38 mil funcionários contratados e cerca de 80 mil terceirizados. E solicitou ao Conselho de Segurança de Informação da empresa a elaboração de uma política para orientar o uso do correio eletrônico da empresa.
"Estamos revendo as normas de utilização de e-mails e pretendemos fazer uma campanha de conscientização sobre o tema em breve", diz Anneliese Schmidt, gerente de comunicação de tecnologia e informática da Petrobras.
Segundo ela, os três principais problemas detectados dentro da empresa são: uso equivocado da linguagem, envio de mensagens a um número desnecessário de destinatários e repasse indiscriminado de mensagens que não foram checadas e, muitas vezes, são inteiramente falsas.
"Os funcionários precisam se conscientizar de que o e-mail é mais uma ferramenta de trabalho que a empresa coloca à sua disposição. Ela precisa ser bem usada", diz.
Ao saber, pelo repórter da Folha, da experiência em Liverpool, Anneliese se animou com a experiência britânica: "Gostei da idéia. Vou propor à Petrobras que faça algo semelhante". (OD)


Texto Anterior: Comportamento: E-mail de chefe faz mal à saúde, diz estudo
Próximo Texto: América Latina: Fidel manda confiscar carros de luxo dos chefes de estatais
Índice